A CAPELA INGÁ-MIRIM

Expressão construtiva, materialidade e reaproveitamento

Resumo

O presente artigo analisa as possibilidades da materialidade na arquitetura contemporânea brasileira e latino-americana, articulando experiências espaciais à logística do canteiro de obras. Toma-se como objeto de análise a Capela Ingá-Mirim, construída em 2018 numa fazenda no interior de Itupeva-SP. Explora-se o uso extraordinário de materiais disponíveis no local, alinhando racionalidade construtiva e expressão poética da matéria, por meio de uma arquitetura que emerge da colaboração entre quem projeta e quem executa. A metodologia fundamenta-se na leitura crítica da edificação a partir de seu processo construtivo, considerando registros gráficos, fotográficos e elementos materiais que evidenciam as articulações entre lugar, técnica e composição. A análise compreende a arquitetura como cultura material, enfocando a relação entre recursos locais, mão de obra e formas de fazer. A estrutura do texto parte da preexistência da fazenda como território de intervenção, percorre influências arquitetônicas latino-americanas centradas na ressignificação da matéria e culmina na análise da edificação como síntese entre desenho e construção. A capela se destaca pela ativação de uma poética do fazer, em que o uso do material bruto, a justaposição de planos e a abertura à paisagem geram uma síntese sensível entre espaço, técnica e contexto, revelando a potência do ordinário como fundamento para a invenção arquitetônica.