Dos horrores do inferno na terra: Breves notas sobre a construção social de um turismo em conflito com as forças religiosas francesas em um município da Serra Gaúcha.
Resumo
O estudo analisa o campo turístico e social de Veranópolis/RS. Sobre sua população os sacerdotes praticavam um olhar vigilante, avaliando com atenção as mudanças que se produziam numa sociedade em ebulição, temendo sobremaneira o contato entre visitantes e visitados. Ali, o turismo estilhaçou a ordem estabelecida, perturbou as tradições, abalou os costumes ali existentes, rompeu com a confortável rotina. Entretanto, a semente da natureza enquanto atrativo turístico estava sendo preparada, valorizada inclusive pelos próprios sacerdotes. Assim, quando germina, o turismo local passa a ter um novo caminho, uma manobra astuciosa, que constrói um modelo moderno, até então não existente na cidade, afastando-se dos homens e suas construções culturais, passando a construir uma atividade onde a natureza estaria ao centro de um potente discurso total. Este ato transformador será posto em prática na década de 1950, mas apresentará um claro efeito colateral: o esquecimento da cidade e seus atrativos culturais. Todavia, a localidade não se metamorfoseava somente em seus costumes, que pareciam testados a todo o momento. A materialidade urbana, igualmente, passava por um veloz processo de ruptura entre antigo e moderno, sendo devorada pela aparente necessidade de se constituir uma imagem renovada da cidade, distanciando-se da antiga representação colonial. Ruiria ela também, tempos depois, seguindo as tendências padronizadas, impostas pelo capitalismo imobiliário. Em meio a esse processo, a cidade é renomeada, edificando-se uma nova identidade. Surge a Cidade Veraneio. A soma desses fatores levará ao contemporâneo distanciamento entre turismo e espaço urbano, contrapondo-se à valorização turística da natureza ali existente.
Palavras-chave: Turismo; História do Turismo; Serra Gaúcha; Veranópolis/RS.
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