Sunk costs e insistência irracional: o comportamento na tomada de decisões nos contextos pessoal, organizacional e público

Autores

  • Rodrigo Rengel Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) http://orcid.org/0000-0003-1767-1655
  • Valdirene Gasparetto Doutora em Engenharia de Produção e Sistemas pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Professora do Programa de Pós-Graduação em Contabilidade - Universidade Federal de Santa Catarina. http://orcid.org/0000-0002-2825-4067
  • Darci Schnorrenberger Doutor em Engenharia de Produção e Sistemas pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Professor do Programa de Pós-Graduação em Contabilidade - Universidade Federal de Santa Catarina. http://orcid.org/0000-0001-6613-5221

DOI:

https://doi.org/10.21680/2176-9036.2019v11n2ID16310

Palavras-chave:

Sunk costs. Insistência irracional. Tomada de decisão. Contextos decisionais.

Resumo

Objetivo: Este estudo objetiva verificar se há diferença de comportamento e significância dos sunk costs e insistência irracional na tomada de decisões em diferentes contextos: pessoal, organizacional e público.

Metodologia: Esta pesquisa consiste em um experimento de laboratório, e para isto utilizou-se de uma amostragem intencional e aleatória, composta por alunos de graduação do curso de Ciências Contábeis em uma universidade pública. A amostra final foi de 150 estudantes. A pesquisa recorreu predominantemente à métodos quantitativos, por meio de análises descritivas, bem como o Teste de Correlação entre as variáveis independentes, Teste Qui-Quadrado e Regressão Logística.

Resultados: Os resultados demonstram que a natureza e o contexto impactam diretamente no efeito de sunk costs e insistência irracional na tomada de decisões do indivíduo. Decisões no contexto organizacional foram mais influenciadas pelo efeito de sunk costs do que nos contextos pessoal e público, apresenta-se assim a dificuldade de decisores em contextos empresariais reconhecerem e assumirem erros de suas decisões, levando-os a uma insistência irracional. Percebe-se ainda que características pessoais dos decisores, como gênero, renda e percepção de sucesso financeiro possuem significância do efeito de sunk costs em suas escolhas.

Contribuições do Estudo: Esta pesquisa preenche a lacuna da literatura ao realizar uma análise comparativa do comportamento na tomada de decisões afetadas por sunk costs em diferentes contextos. Contribui-se ainda com a prática ao recomendar especial atenção no que tange aos efeitos de sunk costs e insistência irracional na tomada de decisões nos diferentes contextos analisados, mas principalmente aos gestores e administradores em empresas privadas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Abdellaoui, M., Bleichrodt, H., & Kammoun, H. (2013). Do financial professionals behave according to prospect theory? An experimental study. Theory and Decision, 74(3), 411-429.

Andersson, O., Holm, H. J., Tyran, J. R., & Wengström, E. (2014). Deciding for others reduces loss aversion. Management Science, 62(1), 29-36.

Arkes, H. R., & Ayton, P. (1999). The sunk cost and concorde effects: Are humans less rational than lower animals. Psychological Bulletin, 125(5), 591-600.

Arkes, H. R., & Blumer, C. (1985). The psychology of sunk cost. Organizational behavior and human decision processes, 35(1), 124-140.

Ávila, F., & Bianchi, A. M. (Ed.). (2015). Guia de Economia comportamental e experimental. Economia Comportamental.

Bazerman, M. H. (2004). Processo decisório. São Paulo: Campus.

Blavatskyy, P. (2013). Which decision theory?. Economics Letters, 120(1), 40-44.

Bliss, R. T., Potter, M. E., & Schwarz, C. (2012). Decision making and risk aversion in the Cash Cab. Journal of Economic Behavior & Organization, 84(1), 163-173.

Brockner, J. (1992). The escalation of commitment to a failing course of action: Toward theoretical progress. Academy of Management Review, 17(1), 39-61.

Brooks, C., Sangiorgi, I., Hillenbrand, C., & Money, K. (2018). Why are older investors less willing to take financial risks?. International Review of Financial Analysis, 56, 52-72.

Camerer, C. (2005). Three cheers—psychological, theoretical, empirical—for loss aversion. Journal of Marketing Research, 42(2), 129-133.

Clarke, R. G., Krase, S., & Statman, M. (1994). Tracking errors, regret, and tactical asset allocation. The Journal of Portfolio Management, 20(3), 16-24.

Coet, L. J., & McDermott, P. J. (1979). Sex, instructional set, and group make-up: Organismic and situational factors influencing risk-taking. Psychological Reports, 44(3_suppl), 1283-1294.

Dohmen, T., Falk, A., Huffman, D., Sunde, U., Schupp, J., & Wagner, G. G. (2011). Individual risk attitudes: Measurement, determinants, and behavioral consequences. Journal of the European Economic Association, 9(3), 522-550.

Fávero, L. P., & Fávero, P. (2016). Análise de dados: modelos de regressão com Excel®, Stata® e SPSS® (Vol. 1). Elsevier Brasil.

Francis, B., Hasan, I., Park, J. C., & Wu, Q. (2015). Gender differences in financial reporting decision making: Evidence from accounting conservatism. Contemporary Accounting Research, 32(3), 1285-1318.

Garland, H., & Conlon, D. E. (1998). Too Close to Quit: The Role of Project Completion in Maintaining Commitment 1. Journal of Applied Social Psychology, 28(22), 2025-2048.

Garland, H., & Newport, S. (1991). Effects of absolute and relative sunk costs on the decision to persist with a course of action. Organizational Behavior and Human Decision Processes, 48(1), 55-69.

Geetha, S. N., & Selvakumar, M. M. (2016). An analysis on the factors influencing risk tolerance level of individual investors. International Journal of Business Excellence, 9(2), 253-264.

Gil, A. C. (2002). Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas.

Gray, D. E. (2012). Pesquisa no mundo real. Porto Alegre: Penso Editora.

Harrison, P., & Shanteau, J. (1993). Do sunk costs effects generalize to cost accounting students? Advances in Manegement Accounting, 2, 171-186.

Hough, J. R., & Ogilvie, D. T. (2005). An empirical test of cognitive style and strategic decision outcomes. Journal of Management Studies, 42(2), 417-448.

Johnson, J. E., & Powell, P. L. (1994). Decision making, risk and gender: Are managers different?. British Journal of Management, 5(2), 123-138.

Kahneman, D. (2011). Rápido e devagar: duas formas de pensar. Objetiva.

Kahneman, D., & Hall R. (1998). Aspects of Investor Psychology - Beliefs, preferences, and biases investment advisors should know about. Journal of Portfolio Management, 24(4).

Kahneman, D., & Tversky, A. (1973). On the psychology of prediction. Psychological review, 80(4).

Kahneman, D., & Tversky, A. (1979). Prospect Theory: An Analysis of Decisions under Risk. Econometrica, 47(2), 263-291.

Kahneman, D., & Tversky, A. (1972). Subjective probability: A judgment of representativeness. Cognitive psychology, 3(3), 430-454.

Keil, M., Truex, D. P., & Mixon, R. (1995). The effects of sunk cost and project completion on information technology project escalation. IEEE Transactions on Engineering Management, 42(4), 372-381.

Leal, D., & Campos, G. F. (2015). A influência do tamanho do investimento realizado na intensidade do efeito custo afundado: quando mais é mais. In: Anais do Congresso Brasileiro de Custos-ABC.

Martins, G. A., & Theóphilo, C. R. (2009). Metodologia da Investigação Cientifica. São Paulo: Atlas.

Mattar, F. N., & Oliveira, B.; Motta, S. (2014). Pesquisa de marketing: metodologia, planejamento, execução e análise. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier Brasil.

Maxfield, S., Shapiro, M., Gupta, V., & Hass, S. (2010). Gender and risk: women, risk taking and risk aversion. Gender in Management: An International Journal, 25(7), 586-604.

McBride, D. M. (2012). The process of research in psychology. Los Angeles: Sage.

McMahon, R. (2005). Behavioural finance: a backround briefing. Pusan University National Press.

Meier-Pesti, K., & Goetze, E. (2005). Masculinity and femininity as predictors of financial risk-taking: Evidence from a priming study on gender salience. ACR European Advances.

Montinari, N., & Rancan, M. (2013). Social preferences under risk: the role of social distance (No. 2013-050). Jena Economic Research Papers.

Murcia, F. D., & Borba, J. A. (2006). Um estudo empírico sobre os efeitos dos sunk costs no processo decisório dos indivíduos: evidências dos estudantes de graduação de uma universidade federal. UNB Contábil, 9(2), 223-247.

Odean, T. (1998). Are investors reluctant to realize their losses?. The Journal of finance, 53(5), 1775-1798.

Pavão, J. A., Grejo, L. M., & De Oliveira Moraes, R. (2015). Avaliação do efeito sunk cost no processo decisório em discentes de ciências contábeis: um estudo sob a luz da teoria do prospecto. ConTexto, 15(31).

Prodanov, C. C., & De Freitas, E. C. (2013). Metodologia do Trabalho Científico: Métodos e Técnicas da Pesquisa e do Trabalho Acadêmico. 2. ed. Editora Feevale.

Ramiah, V., Zhao, Y., Moosa, I., & Graham, M. (2016). A behavioural finance approach to working capital management. The European Journal of Finance, 22(8-9), 662-687.

Rogers, P., Favato, V., & Securato, J. R. (2008). Efeito educação financeira no processo de tomada de decisões em investimentos: um estudo a luz das finanças comportamentais. In II Congresso ANPCONT-Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, Salvador/BA.

Ross, G. D., Nora, B. D., & Milani, B. (2015). Aversão ao risco em profissionais do setor financeiro. Revista de Administração da Universidade Federal de Santa Maria, 8.

Rover, S., Wuerges, A., Tomazzia, E. C., Borba, J. A., & Macedo Junior, J. S. (2008). Efeito Sunk Costs: O Conhecimento Teórico Influencia no Processo Decisório de Discentes?. In: Anais do Congresso Brasileiro de Custos-ABC.

Russo, J. E., & Schoemaker, P. J. H. (1989). Tomada de decisões: armadilhas. São Paulo: Saraiva.

Schoemaker, P. J. H. (2013). Erros incríveis: por que o maior de todos os equívocos pode gerar resultados de alto impacto. Rio de Janeiro: Elsevier.

Schlarbaum, G. G., Lewellen, W. G., & Lease, R. C. (1978). Realized returns on common stock investments: The experience of individual investors. Journal of Business, 299-325.

Segantini, G. T., Vieira, E. R. F. C., Silva, C. A. T., & Araújo, A. O. (2011). Efeito sunk costs: avaliação da influência do custo perdido no processo de tomada de decisão dos gestores das empresas de construção civil. In: Congresso Anpcont, 5.

Souza, F. A., Silva, C. A. T., & Domingos, N. T. (2008). Efeito do custo perdido: a influências do custo perdido na decisão de investimento. Revista de Contabilidade e Organizações, 2(2), 87-100.

Tan, H., & Yates, J. F. (1995). Sunk cost effects: the influences of instruction and future return estimates. Organizational Behavior and Human Decision Processes, 63(3), 331-319.

Thaler, R. (1980). Toward a positive theory of consumer choice. Journal of Economic Behavior & Organization, 1(1), 39-60.

Tversky, A., & Kahneman, D. (1974). Judgment under uncertainty: Heuristics and biases. Science, 185(4157), 1124-1131.

Tversky, A., & Kahneman, D. (1981). The framing of decisions and the psychology of choice. Science, 211(4481), 453-458.

Tversky, A., & Kahneman, D. (1991). Loss aversion in riskless choice: A reference-dependent model. The quarterly journal of economics, 106(4), 1039-1061.

Viscusi, W. K., Magat, W. A., & Huber, J. (1987). An investigation of the rationality of consumer valuations of multiple health risks. The RAND journal of economics, 465-479.

Von Neumann, J, & Morgenstern, O. (1944). Theory of games and economic behavior. Princeton University Press.

Yao, J., & LI, D. (2013). Bounded rationality as a source of loss aversion and optimism: A study of psychological adaptation under incomplete information. Journal of Economic Dynamics and Control, 37(1), 18-31.

Yao, R., Sharpe, D. L., & Wang, F. (2011). Decomposing the age effect on risk tolerance. The Journal of Socio-Economics, 40(6), 879-887.

Downloads

Publicado

03-07-2019

Como Citar

RENGEL, R.; GASPARETTO, V.; SCHNORRENBERGER, D. Sunk costs e insistência irracional: o comportamento na tomada de decisões nos contextos pessoal, organizacional e público. REVISTA AMBIENTE CONTÁBIL - Universidade Federal do Rio Grande do Norte - ISSN 2176-9036, [S. l.], v. 11, n. 2, p. 19–39, 2019. DOI: 10.21680/2176-9036.2019v11n2ID16310. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/ambiente/article/view/16310. Acesso em: 15 out. 2024.

Edição

Seção

Seção 1: Contabilidade Aplicada ao Setor Empresarial (S1)