Atendimento às demandas e tolerância à corrupção: percepção de eleitores brasileiros à política do “rouba, mas faz”

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21680/2176-9036.2024v16n2ID32611

Palavras-chave:

Rouba, mas faz; Corrupção; Política.

Resumo

Objetivo: A pesquisa teve como objetivo verificar a influência do atendimento às demandas públicas na percepção de tolerância de eleitores brasileiros à política do “rouba, mas faz”. Embora se perceba um uníssono social de rejeição à corrupção na política, existe a possibilidade de os eleitores relaxarem essa reprovação diante dos resultados que os gestores oferecem às comunidades.

Metodologia: Estudo de abordagem quantitativa, quanto aos procedimentos utilizou-se um survey, com questionário e estudo de cenários, de tolerância ao “rouba, mas faz”, como instrumento de pesquisa. Para análise dos dados foram utilizadas estatísticas descritivas e apresentação em percentuais, para as respostas das assertivas e dos cenários.

Resultados: Os resultados apontam que o brasileiro demanda políticos honestos, embora para quase 25% da população todo político seja corrupto, sem distinção; para 80% dos respondentes a principal causa dos problemas da gestão pública brasileira é a corrupção política; aproximadamente 70% dos eleitores não se utilizam de portais de transparência para decidir seu voto, embora 80% afirmem pesquisar o histórico dos candidatos antes de sua decisão.

Contribuições do Estudo: Foram percebidos aspectos relacionados com a teoria do eleitor mediano, uma vez que, apesar dos eleitores brasileiros demonstrarem intolerância a corrupção, o perfil com as características médias da população tende a votar naquele candidato que promete atender suas necessidades. Além disso, em linhas gerais, 7% da amostra reelegeria um político muito corrupto, desde que muito produtivo, enquanto 24% tolerariam a corrupção, desde que ocorra em pequena escala e venha acompanhada de obras e benefícios à sociedade, implicando que existe, em certo grau, influência do atendimento às demandas públicas na tolerância dos eleitores à política do “rouba, mas faz” no Brasil.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

João Antonio da Costa Neto, Universidade Federal da Paraíba - UFPB

Mestre em Ciências Contábeis pela Universidade Federal da Paraíba, Docente do Curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal de Pernambuco.

Amarando Francisco Dantas Júnior, Universidade Federal da Paraíba

Doutor em Ciências Contábeis pela Universidade Federal da Paraíba, Técnico Administrativo da Universidade Federal da Paraíba.

Rossana Guerra de Sousa, Universidade Federal da Paraíba

Doutora em Ciências Contábeis pela Universidade de Brasília, Docente do Curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal da Paraíba.

Adriana Fernandes de Vasconcelos, Universidade Federal da Paraíba

Doutora em Ciências Contábeis pela Universidade de Brasília, Docente do Curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal da Paraíba.

Referências

Abade, D. N. (2019). Derecho internacional anticorrupción en Brasil. Revista de la Secretaría del Tribunal Permanente de Revisión, 213-232.

https://doi.org/10.16890/rstpr.a7.n13.p213

Almeida, A. C. (2007). A cabeça do brasileiro. São Paulo: Record.

Alves, D. G. (2018). A corrupção enquanto fenômeno social: elemento pernicioso nas estruturas estatais ou graxa sobre as rodas da economia?. Revista de Doutrina e Jurisprudência, 109(2), 159-172.

Association of Certified Fraud Examiners. 2020. Report to the nations on occupational fraud and abuse. https://legacy.acfe.com/report-to-the-nations/2020/

Avritzer, L. (2012). Corrupção: ensaios e críticas. 2ª Ed. Editora UFMG.

Bonifácio, R. (2013). A afeição dos cidadãos pelos políticos mal-afamados: identificando os perfis associados à aceitação do “rouba, mas faz” no Brasil. Opinião Pública, 19(2), 320-345.

Buchanan, J. M. (2000). Politics as Public Choice, in The Collected Works of James M. Volume 13. Indianapolis: Liberty Fund.

Buchanan, J. M. (1991). Constitutional Economics. Oxford: Basil Blackwell.

Butler, E. (2015). Escolha pública: um guia. São Paulo: Bunker Editorial.

Castro, M. M. (1997). O comportamento eleitoral no Brasil: diagnóstico e interpretações. Revista Teoria & Sociedade, 1(1), 126-168.

Cotta, L. C. V. (2008). Adhemar de Barros (1901-1969): a origem do “rouba, mas faz”. Dissertação de Mestrado em História Econômica, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.

Cressey, D. R. (1953). A study in the social psychology of embezzlement: Other people’s money. Glencoe, IL: Free Press.

Cruz, C. F. D. (2015). Responsabilidade na Gestão Fiscal: um estudo em grandes municípios com base nos pilares da Lei de Responsabilidade Fiscal no período de 2010-2013. Tese de Doutorado em Controladoria e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.

DaMatta, R. (1997). A casa e a rua. Rio de janeiro: Rocco, 5.

Dias, M. A. (2009). James Buchanan e a “política” na escolha pública. Ponto-e-Vírgula: Revista de Ciências Sociais, (6).

Downs, A. (1957). An economic theory of political action in a democracy. Journal of political economy, 65(2), 135-150.

Filgueiras, F. (2009). A tolerância à corrupção no Brasil: uma antinomia entre normas morais e prática social. Opinião Pública, 15(2), 386-421.

https://doi:10.1590/S010462762009000200005

Ipsos Public Affairs. (2016). What Worries the World (Setembro, 2016). Versão 1. Recuperado em 17 novembro, 2019 de https://www.ipsos.com/pt-br

Jancsics, D. (2019). Corruption as resource transfer: An interdisciplinary synthesis. Public Administration Review, 79(4), 523-537.

Jankélévitch, V. (2008). O Paradoxo da Moral. Martins Fontes.

Katzarova, E. (2019). The Social Construction of Global Corruption. Political Corruption & Governance. Ed. Palgrave Macmillan.

Klašnja, M., & Tucker, J. A. (2013). The economy, corruption, and the vote: Evidence from experiments in Sweden and Moldova. Electoral Studies, 32(3), 536-543.

Kubbe, I; Engelbert, A. (2018). Corruption and Norms; Why informal rules matter. Political Corruption & Governance. Ed. Palgrave Macmillan.

Maragno, L. M. D., & Borba, J. A. (2017). Mapa conceitual da fraude: configuração teórica e empírica dos estudos internacionais e oportunidades de pesquisas futuras. Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade (REPeC), 11. https://doi.org/10.17524/repec.v11i0.1665

Moisés, J. Á. (2010). Democracia e confiança: por que os cidadãos desconfiam das instituições públicas. São Paulo: Edusp.

Mueller, D. (1997). Public Choice II. A Revised Edition of Public Choice, 1989. Cambridge University Press, 1, 1-39.

Oates, W. E. (1972). Fiscal Federalism. New York, USA: Harcourt Brace Jovanovich.

Oates, W. E. (2008). On the Evolution of Fiscal Federalism: Theory and Institutions. National Tax Journal, Washington, v. 15, n. 2, p. 313-334.

OECD. (2018). Behavioural insights for public integrity. Harnessing the human factor to counter corruption.

Oliveira Júnior, T. M., da Costa, F. J. L., & Mendes, A. P. (2016). Perspectivas teóricas da corrupção no campo da administração pública brasileira: características, limites e alternativas. Revista do Serviço Público, 67, 111-138. https://doi.org/10.21874/rsp.v67i0.881

Pereira, C., & Melo, M. A. (2015). Reelecting corrupt incumbents in exchange for public goods: Rouba mas faz in Brazil. Latin American Research Review, 88-115.

https://doi.org/10.1353/lar.2015.0054

Petrucelli, J. R. (2012). Detecting fraud in organizations: Techniques, tools, and resources. John Wiley & Sons.

Petrucelli, J. R., & Peters, J. R. (2017). Preventing fraud and mismanagement in government: Systems and structures. John Wiley & Sons.

Rodrigues, C. G. (2010) Determinantes da composição do gasto público nos estados brasileiros. Dissertação de Mestrado em Economia do Setor Público, Universidade de Brasília, Brasília, DF, Brasil.

Rose, R; Peiffer, C. (2019). Bad Governance and Corruption. Political Corruption & Governance. Ed. Palgrave Macmillan.

Rothstein, B. (2009). Anti Corruption: a Big Bang Theory. Gotemburgo: QoG Working Papper Series. https://dx.doi.org/10.2139/ssrn.1338614

Rothstein, B., & Varraich, A. (2017). Making sense of corruption. Cambridge University Press.

Shaw, J. S. (2005). Public Choice Theory. Concise Encyclopedia of Economics.

Souza, J. (2001). A sociologia dual de Roberto Da Matta: descobrindo nossos mistérios ou sistematizando nossos auto-enganos?. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 16(45), 47-67.

Tomasic, R. (2011). The financial crisis and the haphazard pursuit of financial crime. Journal of Financial Crime.

Tribunal Superior Eleitoral. (2019). Brasil tem 147,3 milhões de eleitores aptos a votar nas eleições de 2018. Recuperado em 21 outubro, 2019 de https://www.tse.jus.br/imprensa/ noticias-tse/2018/Agosto/brasil-tem-147-3-milhoes-de-eleitores-aptos-a-votar-nas-eleicoes-2018.

Trompeter, G. M., Carpenter, T. D., Desai, N., Jones, K. L., & Riley Jr, R. A. (2013). A synthesis of fraud-related research. Auditing: A Journal of Practice & Theory, 32(sp1), 287-321. http://dx.doi.org/10.2308/ajpt-50360

Winters, M. S., & Weitz-Shapiro, R. (2013). Lacking information or condoning corruption: When do voters support corrupt politicians?. Comparative Politics, 45(4), 418-436.

https://doi.org/10.5129/001041513X13815259182857

Winters, M., & Weitz-Shapiro, R. (2010). “Rouba, mas faz” or not? Exploring voter attitudes toward corruption in Brazil. In Trabalho apresentado no Annual Meeting of the American Political Science Association, Washington DC.

Downloads

Publicado

01-07-2024

Como Citar

COSTA NETO, J. A. da; DANTAS JÚNIOR, A. F. .; SOUSA, R. G. de .; VASCONCELOS, A. F. de. Atendimento às demandas e tolerância à corrupção: percepção de eleitores brasileiros à política do “rouba, mas faz”. REVISTA AMBIENTE CONTÁBIL - Universidade Federal do Rio Grande do Norte - ISSN 2176-9036, [S. l.], v. 16, n. 2, p. 366–386, 2024. DOI: 10.21680/2176-9036.2024v16n2ID32611. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/ambiente/article/view/32611. Acesso em: 21 dez. 2024.

Edição

Seção

Seção 3: Pesquisas de Campo sobre Contabilidade (Survey) (S3)