BIG BATH: EVIDÊNCIAS BRASILEIRAS NA ADOÇÃO INICIAL DA NORMA QUE TRATA DE REDUÇÃO NO VALOR RECUPERÁVEL DO GOODWILL
Resumo
A convergência aos padrões internacionais de contabilidade no Brasil trouxe vários desafios para as organizações, e em especial ao contador, no que tange a adequação aos procedimentos emanados pelas autoridades contábeis. Nesse contexto, é relevante estudar o tratamento contábil do ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill), um ativo complexo que a partir dos exercícios encerrados em 2009 passou a ser alvo de testes anuais no seu valor recuperável (impairment test) em substituição a prática de amortizações sistemáticas. Internacionalmente, o procedimento contábil de testes anuais para o goodwill tem sido muito discutido no que tange a possibilidade de gerenciamento de resultados, e nesse embate está incluída a modalidade de gerenciamento conhecida como big bath, que sugere que diante de possibilidades existentes nas normas o gestor pode aproveitar a oportunidade para reconhecer uma baixa em seus ativos. O objetivo dessa pesquisa é identificar evidências no Brasil que possam sugerir que ocorreu big bath nos primeiros anos de adoção do pronunciamento CPC-01 no que tange ao impairment do goodwill. Para isto, levantou-se a amostra de empresas que possuíam saldo de goodwill no exercício encerrado em 2007 e por meio de análises qualitativas foram verificadas as relações existentes entre o reconhecimento de perdas, o resultado do exercício, a rentabilidade do ativo e o nível de governança corporativa das empresas componentes da amostra. Os resultados sugerem que o comportamento das empresas brasileiras não foi o de realizar big bath do goodwill na adoção inicial da norma CPC-01.
Palavras-chave: Ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill). Perda no valor recuperável. Big bath.
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