Para onde vão os bebês das mulheres presas?

Uma análise do parentesco e da circulação de crianças a partir da etnografia na Unidade Materno Infantil (RJ)

Autores

  • Letícia Sales Programa de Pós Graduação em Antropologia pela Universidade Federal Fluminense

DOI:

https://doi.org/10.21680/2446-5674.2022v9n17ID27674

Palavras-chave:

Antropologia do Parentesco, Maternidade-no-cárcere, Circulação-de-crianças

Resumo

A maioria das mulheres-mães-presas tende de perder os vínculos afetivos com sua família de sangue e companheiros ao estar em privação de liberdade, e, por conta disto quase não recebem visitas quando estão reclusas com seus bebês. A partir da etnografia e trabalho de campo na Unidade Materno Infantil (UMI) no Rio de Janeiro, este artigo versará sobre questões de vínculos afetivos, relações de parentesco, família e rupturas. Foi possível compreender novas formas de parentesco construídas e estabelecidas na instituição além das que conferem laços biogenéticos (mãe-bebê), e também a possibilidade do parentesco continuado, ou, do que estudiosos chamam de “circulação de crianças” após a separação da díade mãe-bebê na unidade.

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Biografia do Autor

Letícia Sales, Programa de Pós Graduação em Antropologia pela Universidade Federal Fluminense

Doutoranda em Antropologia (PPGA/UFF). Mestre em Ciências Sociais pelo PPGCS (financiamento CAPES/CNPq) e Bacharela em Ciências Sociais (bolsista FAPERJ e CNPq), ambos pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Atualmente é pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisa em Antropologia do Direito e das Moralidades (GEPADIM/Ineac). Pesquisa e estuda maternidade no cárcere, com temáticas sobre moralidades, práticas de justiça, violência de gênero, gestão de vidas pelo estado, direitos humanos, parentesco e família.

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Publicado

29-11-2022

Como Citar

SALES, L. Para onde vão os bebês das mulheres presas? Uma análise do parentesco e da circulação de crianças a partir da etnografia na Unidade Materno Infantil (RJ) . Equatorial – Revista do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, [S. l.], v. 9, n. 17, p. 1–24, 2022. DOI: 10.21680/2446-5674.2022v9n17ID27674. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/equatorial/article/view/27674. Acesso em: 23 abr. 2024.