Dia dos mortos no segundo ano de pandemia

as fases de vivenciar a morte no cemitério do “novo normal”

Autores

  • Weverson Bezerra Silva Universidade Federal da Paraíba

DOI:

https://doi.org/10.21680/2446-5674.2023v10n18ID30686

Palavras-chave:

Antropologia da morte, Cemitério, Pandemia

Resumo

O ensaio fotográfico aborda o tema do dia dos mortos em seu contexto pandêmico ritualístico na cidade de João Pessoa, Paraíba, mais precisamente no cemitério Senhor da Boa Sentença, situado no bairro do Varadouro. A finalidade é mostrar a continuação do ensaio fotográfico anterior publicado na revista R@U – revista antropológica da UFSCAR, sobre a experiência etnográfica no significado do processo de visitar os mortos como forma de lembrança e ativismo da memória, atentando aos processos sociais e econômicos em torno desse dia em tempos de distanciamento social, no segundo dia dos mortos no Brasil em 2021 na presença da covid-19 e um cenário do “novo normal”. Nesse segundo ensaio busco trazer as cores das imagens como forma metodológica do primeiro ano cinza e no segundo ano com mais esperança, as cores foram narrativas dos próprios interlocutores, ao destacar que o cemitério estava ganhando vida, mesmo sendo um espaço de morte, ou para os mortos. Trata-se de problematizar os processos da contemporaneidade sobre o visitar no dia dos mortos, com o afrouxamento das medidas de biossegurança e as máscaras aos poucos sendo retirada, porém nesse novo contexto não deixou de ser um acessório junto ao mercado das flores e velas. As fotografias refletem o cemitério como espaço significativo no entendimento de uma organização social, as cores como um sistema de resistência parte fundamental de uma cultura, e ainda como testemunha da história de uma sociedade que vive a experiência coletiva e individual de visitar os seus mortos com restrições e apoio social limitado no processo de interação, porém nesse segundo ano foi perceptível mais agentes sociais no ritual. Dessa forma, a percepção da dinâmica social que envolve o cemitério com suas práticas socioculturais está associada ao contexto histórico vivenciado, e de extrema relevância dos enlutados usa o cemitério como um processo de ritualização, afeto e memória, e as relações construídas entre os indivíduos ajudaram a compreender o espaço do cemitério não apenas como lugar de morte, mas, principalmente, como espaço de vida, atividade social com os “trabalhadores dos mortos”, memória e continuidade simbólica interacional, onde os enlutados resistem no fortalecimento de suas práticas culturais mesmo com todas as formas do cenário de um retorno da solidão de vivenciar esse dia que é celebrado.

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Biografia do Autor

Weverson Bezerra Silva, Universidade Federal da Paraíba

Doutorando e Mestre em Antropologia (PPGA/UFPB); licenciado e Bacharel em Ciências Sociais, ambos pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Especialista em Tanatologia: sobre a morte e o morrer (FSG).  É membro do Grupo de Pesquisa em Saúde, Sociedade e Cultura (GRUPESSC) e da Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais (ABEC). Integrante do Projeto intitulado Estado, populações e políticas locais no enfrentamento à pandemia de Covid-19 (ANTROPOCOVID).

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Publicado

17-05-2023

Como Citar

SILVA, W. B. Dia dos mortos no segundo ano de pandemia: as fases de vivenciar a morte no cemitério do “novo normal”. Equatorial – Revista do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, [S. l.], v. 10, n. 18, p. 1–18, 2023. DOI: 10.21680/2446-5674.2023v10n18ID30686. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/equatorial/article/view/30686. Acesso em: 22 dez. 2024.

Edição

Seção

Ensaios Visuais