O ENSINO DE SOCIOLOGIA: LIMITES E POSSIBILIDADES PARA A EFETIVAÇÃO DA TEMÁTICA ÉTNICO-RACIAL NO LIVRO DIDÁTICO

Resumo

Desde o final dos anos 1980, com o processo de redemocratização, o Brasil tem efetuado profundas transformações no seu cenário educacional, especialmente nas suas propostas curriculares, dentre as quais se destaca a inserção da sociologia como disciplina obrigatória para o ensino médio. O ensino dessa disciplina busca contribuir na formação mais “crítica” e “cidadã’ do jovem, promovendo-lhe maior autonomia “intelectual” e “capacidade reflexiva” para problematizar, através do estranhamento e da desnaturalização, os fenômenos sociais e, assim, poder percebê-los e compreendê-los como fenômenos construídos social e historicamente, logo, passíveis de mudança. Possibilita, portanto, construir um novo olhar e uma nova percepção sobre o mundo social. Assim como a sociologia, houve outra alteração curricular proposta pela Lei 10.639/03, que institui a obrigatoriedade do ensino de “história e cultura afro-brasileira” na educação básica. Essa proposta busca problematizar e desnaturalizar as concepções estereotipadas que conferem aos africanos e afro-brasileiros uma pretensa inferioridade. Diante disso, esse artigo tem como objetivo analisar de que modo as questões étnico-raciais têm sido abordadas no ensino de sociologia no ensino médio e quais possibilidades a sociologia pode lançar para ajudar na implementação de uma educação antirracista e de valorização, reconhecimento e respeito à diversidade étnico-racial brasileira, conforme proposto pela Lei n. 10.639/03. Para isso, faremos uma análise do livro didático Sociologia para o Ensino Médio, de Nelson Dacio Tomazi (2007), buscando saber de que modo os conteúdos das ciências sociais dispostos no livro abordam a questão étnico-racial e se ajudam a problematizar e desnaturalizar a percepção da questão do racismo, discriminação e desigualdades.