MARCADORES IDENTITÁRIOS MATO-GROSSENSES
A comida nos rasqueados
DOI:
https://doi.org/10.21680/1982-1662.2019v2n25ID17376Resumo
Como expressão cultural e entretenimento, a música configura-se como aparato de estudo e compreensão de espaços e realidades sociais, instrumento para o compartilhamento e exposição de vivências e memórias. Sem pretensão de estudar mudanças sociais como fez Antônio Candido por meio da música-cururu, este estudo busca observar o papel da comida nas letras de rasqueado, estilo musical mato-grossense. Dados foram gerados primeiramente por busca online de trabalhos que versam sobre o rasqueado, depois por músicas e suas letras com as palavras-chave “rasqueado mato-grossense”, o que incluiu vídeos do Youtube. Além disso, foi utilizada a lista de artistas do rasqueado cuiabano compilada por Arruda (2007), dividida em velha guarda e nova geração. Os trabalhos de Ariano (2002), Benites (2010) e Porto et al (2005) foram também úteis na identificação de artistas e músicas, assim como para conhecimento do rasqueado. Ao todo foram selecionadas nove músicas. Notou-se que a comida no espaço-música desenvolve o papel de marcador identitário, instrumento representativo da cultura mato-grossense, cantada com alegria, muitas vezes com saudade, nostalgia e crítica. Juntamente com outros elementos, estabelece uma estrutura (dinâmica) que aponta “fazemos e/ou comemos isso/aquilo pois somos cuiabanos e/ou mato-grossenses”, o que corrobora com o que aponta Brillat Savarin (1995, p.21) “ dize-me o que comes e te direi quem és”. Logo, comida não serve apenas para encher o estômago, serve para pensar, comunicar e compreender o que nos faz humanos, como destaca Lévi-Strauss (2004).