Educação do campo nas políticas públicas: interface com os movimentos sociais
Resumo
Trata-se de notas prévias de pesquisa que está sendo desenvolvida no Programa de
Pós-Graduação em Ciências Sociais (Doutorado), da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, no período de 2008 a 2010, em municípios localizados na região
oestana do Estado potiguar. Com esta pesquisa, pretendemos contribuir para o
debate em torno do direito à educação do campo como uma ação estratégica de
emancipação e afirmação das relações de pertença, ao mesmo tempo diferenciadas
e abertas. O modelo de educação que se investiga preconiza o respeito às
diversidades culturais, além de ser uma alternativa à hegemonia do modelo
urbanizado da educação brasileira. Nesse viés, a educação, enquanto organizadora
e produtora da cultura de um povo e produzida por uma cultura — a cultura do
campo —, não pode seguir a lógica da exclusão do direito à educação de qualidade
para todos e todas. Essa proposta, articulada com a discussão de Boaventura de
Sousa Santos (2002) sobre globalização contra-hegemônica, que representa a
superação do determinismo e supremacia da globalização econômica, configura um
espaço da emergência de alternativas de grupos localizados em diferentes espaços
de atuação na defesa da ação humana e da participação política dos individuos
como sujeitos de sua história. Desse modo, pensar uma educação do campo
expressa a necessidade de que homens e mulheres, submetidos a um modelo
agrícola hegemônico, excludente, insustentável e seletivo, deem conta da
compreensão crítica dos mecanismos que o produzem e sustentam, assim como das
possibilidades de os sujeitos produzirem mudanças nessa dinâmica.
Palavras-chave: Movimentos sociais; Educação do campo; Contra-hegemonia.