NOVA ESFERA PÚBLICA NA ERA DA CIBERCULTURA
Resumo
O artigo tem por objetivo analisar a nova esfera pública, que surgiu em
decorrência das transformações no ciberespaço. As mutações no ciberespaço,
principalmente na internet, e que geraram a cibercultura, abrangem aspectos
políticos, econômicos, científicos, tecnológicos e sociais, como mostram Pierre Levy
&André Lemos (2010), e Giorgio Agamben (2010). Antes de nos reportarmos à
concepção de esfera pública em Habermas (2003) e de como essa concepção é
abordada em Levy &Lemos (2010) para análise da democracia na era do
ciberespaço, faremos uma breve introdução acerca das “duas culturas”, expressão
consagrada por teorizações de C. P. Snow (1995) a respeito da cultura humanística
e cultura científica, base para reflexões epistemológicas em pensadores
contemporâneos. Os aspectos econômicos e tecnológicos da “galáxia da internet”
serão também analisados, tendo por base as reflexões de Manuel Castells (2003),
Nicholas Negroponte (1997) e outros autores. Cibercultura é o título de um dos livros
mais conhecidos de Pierre Lévy (2000), no qual, dentre outros assuntos, ele aborda
experiências de artistas de vanguarda com a arte em rede. Thomas Khun, Deleuze e
Guattari guiam a teorização de Isabelle Stengers (2002), acerca dessas questões da
ciência e da epistemologia na contemporaneidade. Por fim, nas conclusões do
artigo, faremos breves menções às mais recentes tendências de novidades no
ciberespaço, dentre as quais podemos destacar desde aquelas que estão no estágio
de ebulição criativa e processo de inovação tecnológica, como roupas
computadorizadas, confeccionadas com tecido eletrônico (e-tecido) e outros
acessórios (como os óculos do Google), ao crescente uso de telas sensíveis ao tato,
além de novas formas do uso de laser, holografia, holograma, impressora 3D, TV
4D. Enfim, como enfatiza Adauto Novaes (2009), pensar a civilização tecnocientífica
significa pensar também a nova condição humana, aquilo que nos lança em direção
a nós e contra nós – pôr em discussão não apenas as necessidades artificiais, mas
também a origem dos problemas criados pelo próprio espírito. Essa é uma das
questões que são objetos das análises de Heidegger (1994) e Peter Solterdijk
(2000), acerca do humanismo e do pós-humanismo.