Dororidade, ficção e realidade em "Shirley Paixão", de Conceição Evaristo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21680/1983-2435.2024v9n2ID33979

Palavras-chave:

Shirley Paixão, Conceição Evaristo, Dororidade, Ficção, Realidade

Resumo

O presente estudo se propõe a analisar a relação existente entre literatura e sociedade no conto “Shirley Paixão”, de Conceição Evaristo. Em um primeiro momento, busca-se esclarecer que o texto evaristiano, embora respaldado por fatores externos à narrativa, não deve ser entendido apenas sob a perspectiva sociológica, pois ainda configura como uma criação artística. Nesse sentido, serão destacados elementos que denotam a presença da ficção e da realidade na prosa em questão, demonstrando brevemente o que a difere das demais produções literárias brasileiras. Para além disso, outro tópico a ser tratado diz respeito à dororidade, afinal de contas é este termo pouco conhecido que une as personagens femininas em torno de um tópico em comum: a dor. Em face do exposto, a fim de comprovar as ideias apresentadas, serão utilizados números reais que reforçam a proximidade entre história e ficção. Ademais, são fundamentais também as leituras de Candido (2006), acerca da interdependência entre ambas as esferas citadas, e Piedade (2019), que explica e discute o conceito de dororidade. Assim sendo, foi possível concluir que Evaristo edifica sua escrita em assuntos comuns a uma parcela significativa da sociedade e, ao poetizá-las, inventa uma maneira distinta de representar as mulheres pretas na literatura nacional.

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Biografia do Autor

Mariliane Dalmolin, UTFPR

Mestranda em Literatura pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná, campus Pato Branco, com foco nos estudos literários brasileiros. Licenciada pela mesma universidade em Letras - Português/Inglês. Ao longo da graduação atuou como bolsista pelo Programa Institucional de Iniciação Científica, no projeto de pesquisa intitulado "A lógica do favor em romances brasileiros". 

Marcos Hidemi de Lima, UTFPR

Possui doutorado em Letras (2011) pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e pós-doutoramento na UEL (2018). É professor do curso de graduação em Letras da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), campus de Pato Branco e docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) da mesma instituição. Atuou como coordenador do PPGL entre abril/2019 a abril/2021. Participa dos grupos de pesquisa Estudos de Literatura Contemporânea: comparativismo, tradução e interartes (GELCON-UTFPR-Pato Branco) e Crítica e Recepção Literária (CRELIT-UENP-Cornélio Procópio). Publicou os livros sobre literatura Mulheres de Graciliano (Eduel, 2013), Várias tessituras (Eduel, 2015), Os desvãos da ordem patriarcal (Eduel, 2017), Escritos de parceria (Appris, 2018), Marcas da ordem patriarcal na literatura brasileira (Eduel, 2019), Linhas mestras (Pontes, 2020, e-book), Rabiscos rascunhos (Pontes, 2023, e-book) e os livros de poesia Dança de palavras e sons (AtritoArt, 2005), Poesiar (Medusa, 2017),Eros Piras (Medusa, 2020). Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Brasileira, atuando principalmente nos seguintes temas: romances brasileiros; ordem patriarcal, figuras femininas, canção brasileira.

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Publicado

30-09-2024

Como Citar

DALMOLIN, M.; HIDEMI DE LIMA, M. Dororidade, ficção e realidade em "Shirley Paixão", de Conceição Evaristo. Revista Odisseia, [S. l.], v. 9, n. 2, p. 38–53, 2024. DOI: 10.21680/1983-2435.2024v9n2ID33979. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/odisseia/article/view/33979. Acesso em: 21 dez. 2024.

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Artigos