Onde andará Dulce Veiga?, um romance de redemocratização
DOI :
https://doi.org/10.21680/1983-2435.2023v8nEspecialID32287Mots-clés :
Literatura Brasileira Contemporânea, Ditadura Militar, Memória, Literatura e SociedadeRésumé
O presente artigo pretende analisar o romance Onde andará Dulce Veiga? (1990), de Caio Fernando Abreu, como símbolo do processo de redemocratização. Em suma: pretende articular como a obra responde imediatamente a um processo histórico-social ambivalente e como isso se instaura no seu universo narrativo. Para tanto, se vale das discussões teóricas de Adorno (1988), Candido (2006), Gagnebin (2006), Schwarz (1978), Seligmann-Silva (2000) e Welter (2015). Assim, tendo como horizonte as relações entre literatura e sociedade, discutirei categorias como memória, esquecimento e trauma e suas implicações na estrutura narrativa. Por esse caminho, será possível visualizar as ambivalências do texto como marcas de contradições que lhe são externas, marcando o romance como, salvo engano, o primeiro a apreender os legados da ditadura. Dessa forma, tal como um presságio, aponta para fantasmas que compõe o nosso tecido social e adentram a literatura brasileira contemporânea de forma regular e intensa desde então.
Téléchargements
Références
ABREU, Caio Fernando. Depoimento. Ficções, Rio de Janeiro, ano I, n. 2, p. 77-88, jul./dez., 1998.
ABREU, Caio Fernando. Onde andará Dulce Veiga? Um romance B. Rio de Janeiro: Agir, 2007.
ADORNO, Theodor. Teoria Estética. Tradução Artur Morão. Lisboa: Edições 70, 1988.
ARGENTINA, 1985. Direção: Santiago Mitre. Produção: La Unión de los Ríos; Kenya Films; Infinity Hill. Argentina, 2022. Amazon Prime (140 min).
BENEDETTI, Ivone. Cabo de guerra. São Paulo: Boitempo, 2015.
BRACHER, Beatriz. Não falei. São Paulo: Editora 34, 2004.
CANDIDO, Antonio. Literatura e Sociedade. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006.
CRUZ, Gill Lua. Pretéritos futuros: ditadura militar na literatura do século XXI. Tese (Doutorado em Teoria e História Literária) – Instituto de Estudos da Linguagem, Unicamp, 2021. Disponível em: https://www.academia.edu/53045448/PRET%C3%89RITOS_FUTUROS_DITADURA_MILITAR_NA_LITERATURA_DO_S%C3%89CULO_XXI. Acesso em: 25 ago. 2021.
FREUD, Sigmund. Além do princípio do prazer. In: FREUD, Sigmund. Obras psicológicas completas. Edição Standard Brasileira, Volume XVIII. Tradução sob a direção de Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
GAGNEBIN, Jeanne Marie. Lembrar, escrever, esquecer. São Paulo: Editora 34, 2006.
GARCEZ, Lucília. Outono. Brasília: Outubro Edições, 2018.
HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Centauro, 2004.
KOSELLECK, Reinhart. “Espaço de experiência” e “horizonte de expectativa”: duas categorias históricas. In: Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Tradução Wilma Patrícia Mass e Carlos Almeida Pereira. Rio de Janeiro: Contraponto: Ed. PUC-Rio, 2006.
LAGE, Cláudia. O corpo interminável. Rio de Janeiro: Editora Record, 2019.
LISBOA, Adriana. Azul-corvo. Rio de Janeiro: Rocco, 2010.
PILLA, Maria. Volto semana que vem. São Paulo, SP: Cosac Naify, 2015.
POLLAK, Michael. Memória, esquecimento, silêncio. Tradução Dora Rocha Flaksman. Revista Estudos Históricos, v.2, n.3, 1989. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/view/2278. Acesso em: 25 ago. 2022.
SARLO, Beatriz. Tempo passado: cultura da memória e guinada subjetiva. Tradução Rosa Freire d’Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras; Belo Horizonte: UFMG, 2007.
SCHWARZ, Roberto. Cultura e Política: 1964-69. In: SCHWARZ, Roberto. O pai de família e outros estudos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.
SELIGMANN-SILVA, Márcio. História como trauma. In: SELIGMANN-SILVA, M; NESTROVKI, A. Catástrofe e representação. São Paulo, Escuta, 2000.
SUSSEKIND, Pedro. Anistia. Rio de Janeiro: Harper Collins Brasil, 2022.
TELLES, Edson; QUINALHA, Renan (org.). Espectros da ditadura: da Comissão Nacional da Verdade ao Bolsonarismo. São Paulo: Autonomia Literária, 2021.
WELTER, Juliane Vargas. Em busca do passado esquecido: uma análise dos romances Onde andará Dulce Veiga? (1990), de Caio Fernando Abreu, e Benjamim (1995), de Chico Buarque. Tese (Doutorado em Estudos Literários), Instituto de Letras, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2015. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/117544/000966284.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 25 ago. 2022.
Téléchargements
Publié-e
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
(c) Tous droits réservés Revue Odisseia 2023
Cette œuvre est sous licence Creative Commons Attribution - Pas d'Utilisation Commerciale - Partage dans les Mêmes Conditions 4.0 International.
Este trabalho foi licenciado com uma Licença http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0