Produção textual, referenciação e ensino: um olhar sobre textos dissertativo-argumentativos do Enem
DOI :
https://doi.org/10.21680/1983-2435.2024v9nEspecialID34869Mots-clés :
Texto argumentativo, Práticas de produção textual, Práticas de ensino, Estratégias referenciais, EnemRésumé
Este artigo apresenta os resultados teóricos e analítico-descritivos de um estudo desenvolvido, ao longo de quatro anos, por discentes de Iniciação Científica. Tomando como pressuposto a ideia de que a referenciação é uma atividade discursiva (Mondada; Dubois, 2003), o objetivo é analisar a construção de sentidos num texto dissertativo-argumentativo produzido por um vestibulando em preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio, com vistas a contribuir para a articulação entre práticas de produção textual e práticas de ensino calcadas em textos. Esse tipo textual, em sala de aula, pode não só incentivar o aluno a ampliar a sua competência textual-discursiva, mas, também, a construir conhecimentos por meio de ações sociocognitivo-interacionais. Os pressupostos teórico-analíticos que embasam esta discussão são da Linguística de Texto contemporânea (Koch, 2000, 2018; Cavalcante et al., 2010; Capistrano Júnior; Lins; Elias, 2017), de base sociocognitivo-discursiva e interacional, na interface com a argumentação (Koch; Elias, 2017; Cavalcante et al., 2020). Os resultados apontam que o vestibulando constrói, no nível microestrutural da redação, relações de sentido que articulam defesa de ponto de vista, progressão referencial e intertextualidade. No entanto, seu texto também apresenta ruptura informacional a partir de desfocagem referencial, prejudicando, em parte, a estrutura composicional do tipo dissertativo-argumentativo. Assim sendo, o artigo conclui que, para contemplar um projeto de dizer contextualizado e eficaz, é necessário que o locutor saiba articular seus propósitos comunicativo e interacional à estrutura composicional esperada.
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