Uma análise da adesão de organizações brasileiras à GRI como método de divulgação de informações de responsabilidade social corporativa
DOI:
https://doi.org/10.21680/2176-9036.2020v12n2ID19005Palavras-chave:
Responsabilidade Social Corporativa. Divulgação. Global Reporting Initiative. Adesão. Brasil.Resumo
Objetivo: As organizações têm publicado relatórios de responsabilidade social corporativa (RSC) visando divulgar sua responsabilidade social. Nesse sentido, a Global Reporting Initiative (GRI) desenvolve modelos estruturados de relatórios de sustentabilidade que auxiliam as organizações na sua elaboração e divulgação. O presente trabalho tem como objetivo analisar a evolução da adesão à GRI e a qualidade dos relatórios de RSC divulgados por organizações brasileiras.
Metodologia: Coletou-se os dados de todas as organizações brasileiras que aderiram à GRI, no período 2000-2017, num total de 461 organizações e 2.142 observações. Fez-se uma análise descritiva e testes de diferença de proporções.
Resultados: Os resultados mostram que houve um crescimento relevante do número de organizações brasileiras que aderiram à GRI, observando-se um crescimento anual médio em torno de 48%. As organizações empresariais são as que mais divulgam ação social via GRI, embora também haja organizações de outra natureza. Verifica-se uma predominância forte de empresas de grande porte. Relativamente à qualidade da informação, percebe-se que cerca de 90% das demonstrações já seguem as diretrizes da GRI, e mais da metade ainda não é submetido a processo de auditoria externa. Observa-se um avanço, mesmo que pequeno, da divulgação de relatórios que integram informações financeiras e de cunho social.
Contribuições do Estudo: O estudo sobre o disclosure de relatório de RSC no formato GRI fornece à comunidade acadêmica informação sobre o quanto este instrumento de divulgação tem sido considerado relevante por organizações empresariais ou não no Brasil. Esta busca crescente por divulgação de RSC via GRI pode dever-se ao objetivo de legitimação de estratégias e práticas organizacionais, como também de criação de valor e melhoria de reputação organizacional. Como contribuição tem-se a análise detalhada da evolução da divulgação de relatórios GRI pelas organizações brasileiras. Além disso, o estudo contribui ao sinalizar que a GRI tem se firmado como um importante meio para a divulgação de informações de ações socioambientais para organizações brasileiras. Do ponto de vista acadêmico, a pesquisa colabora ao avançar nos estudos relativos ao disclosure voluntário e ao aprofundar a análise da qualidade dos relatórios GRI elaborado pelas organizações.
Downloads
Referências
Adams, C. A. (2015). The International Integrated Reporting Council: A call to action. Critical Perspectives on Accounting, 27, 23–28.
Ambrozini, L. S. (2017). Pressões internas e externas na utilização de padrões de divulgação de informações socioambientais amplamente aceitos: uma análise sobre estrutura de governança corporativa, ambiente institucional e a perspectiva de legitimação. Revista Contemporânea de Contabilidade, 14(31), 03-25. doi: http://dx.doi.org/10.5007/2175-8069.2017v14n31p3
Archel, P., Husillos, J., Larrinaga, C., & Spence, C. (2009). Social disclosure, legitimacy theory and the role of the state. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 22(8), 1284-1307.
Bebbington, J., Larrinaga-González, C., & Moneva-Abadía, J. M. (2008). Legitimating reputation/the reputation of legitimacy theory. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 21(3), 371-374. doi: 10.1108/09513570810863969
Bebbington, J., Larrinaga, C., & Moneva, J. M. (2008). Corporate social reporting and reputation risk management. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 21(3), 337-361. doi: http://dx.doi.org/10.1108/09513570810863932
Bertoncello, S. L. T., & Júnior, J. C. (2007). A importância da Responsabilidade Social Corporativa como fator de diferenciação. FACOM(17), 70-76.
Bouten, L., Everaert, P., Van Liedekerke, L., De Moor, L., & Christiaens, J. (2011). Corporate social responsibility reporting: A comprehensive picture? Accounting Forum, 35(3), 187-204. doi: 10.1016/j.accfor.2011.06.007
Braga, C., Silva, P. P., & Santos, A. (2014). Environmental disclosure in the Brazilian electricity sector. International Journal of Innovation and Sustainable Development, 8(1), 37-52.
Brown, J. A., & Forster, W. R. (2013). CSR and Stakeholder Theory: A Tale of Adam Smith. Journal of Business Ethics, 112(2), 301-312. doi: 10.1007/s10551-012-1251-4
Carroll, A. B. (1999). Corporate Social Responsibility: Evolution of a Definitional Construct. Business & Society, 38(3), 268-295.
Cochran, P. L. (2007). The evolution of corporate social responsibility. Business Horizons, 50(6), 449-454.
Collis, J., & Hussey, R. (2004). Pesquisa em administração: um guia prático para alunos de graduação e pós-graduação (2 ed. Vol. 1). Porto Alegre: Bookman.
Conceição, S. H., Dourado, G. B., & Silva, S. F. (2012). Global reporting initiative (gri) - um estudo exploratório da prática de evidenciação em sustentabilidade empresarial na américa latina. Revista de Gestão, Finanças e Contabilidade, 2(3), 17-38.
Crisóstomo, V. L., Prudêncio, P. A., & Forte, H. C. (2017). An Analysis of the Adherence to GRI for Disclosing Information on Social Action and Sustainability Concerns. In A. Belal & S. Cooper (Eds.), Advances in Environmental Accounting & Management: Social and Environmental Accounting in Brazil (Vol. 6, pp. 69-103): Emerald Publishing Limited.
De los Ríos Berjillos, A., Ruiz Lozano, M., Tirado Valencia, P., & Carbonero Ruz, M. (2012). Una aproximación a la relación entre información sobre la responsabilidad social orientada al cliente y la reputación corporativa de las entidades financieras españolas. Cuadernos de Economía y Dirección de la Empresa, 15(3), 130-140.
Deegan, C. (2002). The legitimising effect of social and environmental disclosures – a theoretical foundation. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 15(3), 282-311. doi: http://dx.doi.org/10.1108/09513570210435852
Deegan, C., Rankin, M., & Tobin, J. (2002). An examination of the corporate social and environmental disclosures of BHP from 1983-1997: A test of legitimacy theory. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 15 (3), 312-343.
Deegan, C., Rankin, M., & Voght, P. (2000). Firms’ disclosure reactions to major social incidents: Australian evidence. Accounting Forum, 24, 101-130.
Deephouse, D. L., & Carter, S. M. (2005). An Examination of Differences Between Organizational Legitimacy and Organizational Reputation. Journal of Management Studies, 42(2), 329-360. doi: 10.1111/j.1467-6486.2005.00499.x
Dowling, J. B., & Pfeffer, J. (1975). Organizational legitimacy: Social values and organizational behavior. Pacific Sociological Review, 18(1), 122-136.
Flower, J. (2015). The International Integrated Reporting Council: A story of failure. Critical Perspectives on Accounting, 27, 1-17.
Freeman, R. E., Rusconi, G., Signori, S., & Strudler, A. (2012). Stakeholder Theory(ies): Ethical Ideas and Managerial Action. Journal of Business Ethics, 109(1), 1-2. doi: 10.1007/s10551-012-1374-7
Freeman, R. E., Wicks, A. C., & Parmar, B. (2004). Stakeholder Theory and “The Corporate Objective Revisited”. Organization Science, 15(3), 364–369.
Garcia, S., Cintra, Y. C., Ribeiro, M. S., & Dibbern, B. R. S. (2015). Qualidade da divulgação socioambiental: um estudo sobre a acurácia das informações contábeis nos relatórios de sustentabilidade. Revista Contemporânea de Contabilidade, 12(25), 67-94. doi: http://dx.doi.org/10.5007/2175-8069.2015v12n25p95
Gisbert, A., & Lunardi, V. (2012). A evolução da RSC no Brasil entre as empresas listadas na Bovespa. Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade, 6(1), 90-111.
Gray, D. E. (2011). Pesquisa no mundo real (2 ed.). Porto Alegre: Penso.
GRI. (2015). Sustainability Disclosure Database. Retrieved 24 fev. 2016, from https://www.globalreporting.org/resourcelibrary/GRI-Data-Legend-Sustainability-Disclosure-Database-Profiling.pdf
Harrison, J. S., Bosse, D. A., & Phillips, R. A. (2010). Managing for stakeholders, stakeholder utility functions, and competitive advantage. Strategic Management Journal, 31(1), 58-74. doi: 10.1002/smj.801
Husted, B. W., & Allen, D. B. (2007). Strategic Corporate Social Responsibility and Value Creation among Large Firms: Lessons from the Spanish Experience. Long Range Planning, 40(6), 594-610.
Jamali, D. (2008). A Stakeholder Approach to Corporate Social Responsibility: A Fresh Perspective into Theory and Practice. Journal of Business Ethics, 82, 213–231.
Lopes, A. C., De Luca, M. M. M., Góis, A. D., & Vasconcelos, A. C. (2017). DISCLOSURE SOCIOAMBIENTAL, REPUTAÇÃO CORPORATIVA E CRIAÇÃO DE VALOR NAS EMPRESAS LISTADAS NA BM&FBOVESPA. Revista Ambiente Contábil, 9(1), 364–382.
Madalena, J. D., Rover, S., Ferreira, D. M., & Ferreira, L. F. (2016). Estudo dos Relatórios de Sustentabilidade GRI de Empresas Brasileiras. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, 20(1), 566-579.
Margolis, J. D., & Walsh, J. P. (2003). Misery Loves Companies: Rethinking Social Initiatives by Business. Administrative Science Quarterly, 48(2), 268-305.
McWilliams, A., & Siegel, D. S. (2001). Corporate social responsibility: A theory of the firm perspective. The Academy of Management Review, 26(1), 117-127.
Meek, G. K., Roberts, C. B., & Gray, S. J. (1995). Factors Influencing Voluntary Annual Report Disclosures By U.S., U.K. and Continental European Multinational Corporations. Journal of International Business Studies, 26(3), 555-572. doi: 10.1057/palgrave.jibs.8490186
Michelon, G. (2011). Sustainability Disclosure and Reputation: A Comparative Study. Corporate Reputation Review, 14(2), 79-96. doi: 10.1057/crr.2011.10
Nikolaeva, R. N., & Bicho, M. L. N. (2011). The role of institutional and reputational factors in the voluntary adoption of corporate social responsibility reporting standards. . Journal of the Academy of Marketing Science, 39(1), 136-157.
Reis, S. G., Cintra, Y. C., Ribeiro, M. d. S., & Dibbern, B. R. S. (2015). Qualidade da divulgação socioambiental: um estudo sobre a acurácia das informações contábeis nos relatórios de sustentabilidade. Revista Contemporânea de Contabilidade, 12(25), 67-94. doi: http://dx.doi.org/10.5007/2175-8069.2015v12n25p67
Robertson, D. C., & Nicholson, N. (1996). Expressions of corporate social responsibility in U.K. firms. Journal of Business Ethics, 15(10), 1095-1106.
Roesch, S. M. A. (2005). Projetos de Estágio e de Pesquisa em Administração: Guia Para Estágios, Trabalhos de Conclusão, Dissertações e Estudos de Caso (3 ed.): Editora Atlas.
Seramim, R. J., Zanella, T. P., & Rojo, C. A. (2017). A sustentabilidade e gestão da imagem: um estudo de caso em cooperativa agroindustrial do oeste do Paraná. Revista de Gestão Ambiental e Sustentabilidade, 6(3), 15-33. doi: 10.5585/geas.v6i3.469
Silva, E. A., Freire, O. B. D. L., & Silva, F. Q. P. O. (2014). Indicadores de Sustentabilidade como Instrumentos de Gestão: Uma Análise da GRI, Ethos E ISE. Revista de Gestão Ambiental e Sustentabilidade, 3(1), 130-148. doi: 10.5585/geas.v3i2.130
Silva, T. L. G. B., Maia, L. C. C., & Leal, E. A. (2017). GRAU DE ADERÊNCIA AOS INDICADORES DE DESEMPENHO AMBIENTAL DO GRI EM UM MERCADO EMERGENTE: UMA ANÁLISE EM EMPRESAS COM POTENCIAL POLUIDOR EM DOIS SEGMENTOS. Revista Ambiente Contábil, 9(1), 21-36.
Suchman, M. C. (1995). Managing legitimacy: Strategic and institutional approaches. The Academy of Management Review, 20(3), 571-610.
Sutantoputra, A. W. (2009). Social disclosure rating system for assessing firms' CSR reports. Corporate Communications: An International Journal, 14(1), 34-48. doi: 10.1108/13563280910931063
Thomson, I. (2015). ‘But does sustainability need capitalism or an integrated report’ a commentary on ‘The International Integrated Reporting Council: A story of failure’ by Flower, J. Critical perspectives on accounting, 27, 18-22.
Tilling, M. V., & Tilt, C. A. (2010). The edge of legitimacy: voluntary social and environmental reporting in Rothmans’ 1956-1999 annual reports. Accounting, Auditing & Accountability Journal, 23, 55-81.
Tullberg, J. (2013). Stakeholder theory: Some revisionist suggestions. The Journal of Socio-Economics, 42, 127-135. doi: doi:10.1016/j.socec.2012.11.014
Udayasankar, K. (2008). Corporate Social Responsibility and Firm Size. Journal of Business Ethics, 83, 167-175.
Van Staden, C. J., & Hooks, J. (2007). A comprehensive comparison of corporate environmental reporting and responsiveness. The British Accounting Review, 39(3), 197-210. doi: 10.1016/j.bar.2007.05.004
Waddock, S. A., & Graves, S. B. (1997). The corporate social performance-financial performance link. Strategic Management Journal, 18(4), 303-319.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Comomns Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Os autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
A Revista Ambiente Contábil utiliza uma licença Creative Commons CC-BY-NC-ND (Atribuição-NãoComercial – SemDerivações 4.0). Isso significa que os artigos podem ser compartilhados e que a Revista Ambiente Contábil não pode revogar estes direitos desde que se respeitem os termos da licença:
Atribuição: Deve-se dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas.
Não Comercial: Não se pode usar o material para fins comerciais.
Sem Derivações: Se for remixar, transformar ou criar a partir do material, não se pode distribuir o material modificado.
Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional