Análise metodológica dos EBITDA incompatíveis divulgados pelas companhias listadas na B3: identificação das variáveis divergentes nas conciliações
DOI:
https://doi.org/10.21680/2176-9036.2023v15n2ID30732Palavras-chave:
EBITDA, Erros metodológicos, Medida não GAAPResumo
Objetivo: Identificar as variáveis responsáveis pelas divergências metodológicas causadoras de incompatibilidades nos EBITDA divulgados pelas companhias listadas na B3, relacionadas a erros na coleta de dados e a alterações indevidas na fórmula por parte das entidades emitentes da conciliação.
Metodologia: Aplicação de estatística descritiva sobre uma amostra de 35 entidades que divulgaram o EBITDA incompatível referente a 2018, observando o comportamento das variáveis do indicador nos anos de 2018, 2019 e 2020.
Resultados: Os erros de apuração mais comuns se deram na coleta de dados junto às demonstrações contábeis. A variável que mais impactou nos valores apurados erroneamente foi relativa à depreciação, amortização e exaustão. Conclui-se que, mesmo com a normatização da evidenciação do EBITDA pela Comissão de Valores Mobiliários a partir de 2012, ainda são comuns erros de apuração desse indicador, o que reforça a necessidade de estudos práticos que verifiquem a conformidade dessas divulgações não GAAP das companhias.
Contribuições do Estudo: Considerando que medidas de desempenho não GAAP, como o EBITDA, são difundidos mundialmente junto a investidores e analistas para a análise dos resultados das empresas, tais medidas guardam o risco de sofrer com erros e manipulações por parte dos gestores das entidades emitentes. Neste sentido, o estudo contribuiu no âmbito prático pois demonstrou quais erros as companhias efetivamente cometeram ao apurar e demonstrar suas conciliações de EBITDA. Ainda, supre lacuna acadêmica referente à metodologia de apuração do EBITDA, já que mesmo com a literatura crescente relacionada às divulgações não GAAP, a forma de cálculo do indicador tem recebido pouca atenção.
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