NÍVEL DE CONFIABILIDADE DO VALOR JUSTO DOS INSTRUMENTOS FINANCEIROS NAS INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS BRASILEIRAS
Resumo
O estudo teve por objetivo avaliar o grau de confiabilidade do valor justo dos instrumentos financeiros nos bancos brasileiros, tendo por referência a hierarquia do valor justo divulgada em suas demonstrações financeiras. Além da composição entre os níveis, foi verificado, também, como essa distribuição tem evoluído ao longo dos anos. Foi selecionada amostra de 34 bancos, incluindo os listados na BM&FBovespa ou que compõem os quinze maiores bancos brasileiros. Os exames empíricos se concentraram na análise das estatísticas descritivas, realizados com base nas demonstrações de 2010 a 2012, e revelaram que cerca de 67% dos ativos financeiros mensurados a valor justo estão classificados no nível 1, o de maior grau de confiabilidade, e que essa participação tem evoluído ao longo do período analisado. Esses dados revelam a melhoria no grau de confiabilidade do valor justo dos ativos financeiros. Com relação aos passivos financeiros mensurados a valor justo, foi verificado que estes estão em grande parte mensurados no nível 2 – mais de 50% – e que essa participação também aumentou durante o período analisado, com a consequente diminuição da relevância dos instrumentos classificados no nível 1. Essa combinação de evidências é interpretada de forma negativa, pelo fato do nível 2 não representar o preço de mercado, e sim estimativas baseadas em ativos similares ou modelos de precificação.
Palavras-chave: Valor Justo; Hierarquia; Bancos; Instrumentos Financeiros; IFRS.
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