A julgar pela imagem: Estado autoritário e a caça às alteridades

Autores

  • Ana Emília da Costa Silva Universidade do Estado do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.36025/arj.v5i2.17857

Palavras-chave:

alteridade, corpo, fotografia

Resumo

O Estado-Leviatã, teorizado por Hobbes como ordenador e violento, ainda é um conceito-chave para pensarmos as representações do corpo na contemporaneidade. A partir desse fio condutor, discute-se o papel da fotografia na manutenção dos estereótipos e na ficcionalização da violência. Questões sobre pertencimento, punição e estratégias de sobrevivência dos socialmente excluídos são assuntos pontuais. Obras de Rosana Paulino, coletivo Garapa, trechos do filme Ôrí (1989) e fotografias do início do século XX pelos fotógrafos Chichico e Assis Horta são alguns dos objetos de reflexão. A pesquisa apresenta uma cartografia das expressividades silenciadas pelas políticas de repressão em diálogo como os retratos criminalistas do século XIX, fotografias científicas e retratos para documentos oficiais, os quais apresentam padrões de enquadramento social úteis a políticas sanitaristas. Diana Taylor, Grada Kilomba e Jota Mombaça auxiliam a revisitar acervos imagéticos sobre o corpo fotografado, ampliando a discussão acerca da perseguição às alteridades.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ana Emília da Costa Silva, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Doutora em Arte e Cultura Contemporânea pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, UERJ (2019), e mestre em Arte e Cultura Contemporânea pela mesma instituição (2014). Especialista em História da Arte e Arquitetura no Brasil pela PUC-RJ (2014). Bacharel em Ciências Sociais pela UFJF (2009) e licenciada em Antropologia pela mesma instituição (2011). Atua como pesquisadora da área da cultura visual, com experiência em curadoria e crítica de arte. Fotografia, arte contemporânea, políticas da memória e arte-política são temas de suas mais recentes investigações.

Referências

AGAMBEN, G. A comunidade que vem. Lisboa: ED. Presença. 1993.

________. O uso dos corpos: Homo Sacer, IV, 2. Boitempo: São Paulo 2017.

________. Por uma ontologia política do gesto. In: Giardino di studi filosofici. Macerata: Quodlibet, 2018. Tradução de Vinícius N. Honesko. Disponível em: http://flanagens.blogspot.com.br/2018/03/para-uma-ontologia-e-uma-politica-do.html. Acesso em: 15 mar. 2018.

ALMENA, M. C. C. Ficción y fotografia en el siglo XIX: tres usos de la ficción en la fotografía decimonónica. IV Congreso Internacional de IV Congreso Internacional de Historia de la Fotografía. Zarautz: Photomuseum. 2009. Disponível em:

http://eprints.ucm.es/14469/1/Ficci%C3%B3n_y_fotograf%C3%ADa_en_el_siglo_XIX.pdf. Acesso em: 20 jan. 2018.

ANDERSON, B. R. Comunidades imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

ARAGÃO, J. A onda de linchamentos no Brasil, o fenômeno copycat e o esvaziamento das normas. 2014. Disponível em: http://jus.com.br/artigos/28268/a-onda-de-linchamentos-no-brasil-o-fenomeno-copycat-e-o-esvaziamento-das-normas. Acesso em: 13 maio 2016.

BARTHES, R. A câmara clara. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1984.

________. Mitologias. Tradução de Rita Buongermino e Pedro Souza. 11. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.

BATAILLE, G. Figure humaine. Documents, n. 4, p. 201, 1929.

BATCHEN, G. Arder en deseos: la concepción de la fotografia. Barcelona: Fotográfica, 2004.

BENJAMIN, W. Rua de mão única. In: BENJAMIN, W. Obras escolhidas, v.2. São Paulo: Brasiliense, 1987.

BERTING, J. Identités collectives et images de l'autre: les pièges de la pensée collectiviste. Hermès, Paris, n. 30, p. 41-58, 2001. Disponível em: http://documents.irevues.inist.fr/handle/2042/14516. Acesso em: 30 out. 2009.

BÍBLIA. A.T e N.T. Português. Bíblia sagrada. Tradução de João Ferreira Almeida. Rio de Janeiro: King Cross Publicações, 2008.

CARVALHO, J. M. Cidadania no Brasil: o longo caminho. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.

COTTON, C. A fotografia como arte contemporânea (Maria Silva Mourão Netto e Marcela Brandão Cipola). 2. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2013.

DEBORD, G. A sociedade do espetáculo. São Paulo: Coletivo Periferia, 2003.

DIDI-HUBERMAN, G. O que vemos, o que nos olha. Tradução de Paulo Neves. São Paulo: Editora 34, 1998.

________. A imagem sobrevivente: história da arte e tempo dos fantasmas segundo Aby Wargurg. Rio de Janeiro: Contraponto, 2013.

________. A semelhança informe: ou o gaio prazer visual segundo Georges Bataille. Tradução de Caio Meira e Fernando Schieb. 1. ed. Rio de Janeiro: Contraponto, 2015.

DUBOIS, P. O ato fotográfico. Campinas: Papirus, 1993.

EWING, W. A. The body: photoworks of the human body. London: Thames & Hudson, 1994.

FABRIS, A. Atestados de presença: a fotografia como instrumento científico. Revista Locus, v. 8, n. 1. p. 29-40, 2002.

FANON, F. Os condenados da terra [1961]. Juiz de Fora: Editora UFJF, 2005.

FLUSSER, V. Filosofia da caixa preta: ensaios para uma futura filosofia da fotografia. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2002.

GERALDO, S. C. O corpo negro e as marcas da violência colonial. Campinas: XXXVI Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte, Anais, 2016.

GUIMARÃES. C. Fotografia subjetiva, abertura ao contemporâneo. Arte & ensaios, n. 22, p. 34-41, 2011.

HARDT, M.; NEGRI, A. Multidão. Rio de Janeiro: Record, 2005b.

HOBBES, T. Leviatã: matéria, forma e poder de um estado eclesiástico e civil. Os Pensadores. 3. ed. Tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. São Paulo: Abril Cultural, 1983.

HOFBAUER, A. Branqueamento e democracia racial: sobre as entranhas do racismo no Brasil. Marília: UNESP, 2011. Disponível em:

<https://andreashofbauer.files.wordpress.com/2011/08/branqueamento-e-democracia-

racial_finalc3adssima_2011.pdf>. Acesso em: 20 set. 2016.

KILOMBA, G. The mask. Plantation memories: episodes of everyday racism. Münster, Unrast Verlag, 2, Auflage, 2010.

MOMBAÇA, J. Rumo a uma redistribuição desobediente de gênero e anticolonial da violência. Cadernos do grupo de pesquisa Oficina de Imaginação Política. Publicação comissionada pela 32ª Bienal de São Paulo. São Paulo: Incerteza Viva, 2016.

RANCIÈRE, J. A partilha do sensível: estética e política. São Paulo: EXO/34, 2010.

ROUILLÉ, A. A fotografia: entre o documento e a arte contemporânea. São Paulo: Senac, 2005.

ROSSI, J. P. August Sander e homens do século XX: a realidade construída. 2009. Dissertação (Mestrado em Sociologia) - Universidade de São Paulo, 2009. Disponível em: https://dobrasvisuais.files.wordpress.com/2010/03/august-sander-e-homens-do-sc3a9culo-xx.pdf. Acesso em: 15 dez. 2016.

SELIGMANN-SILVA, M. Fotografia como arte do trauma e imagem-ação: jogo de espectros na fotografia de desaparecidos das ditaduras na América Latina. Temas em Psicologia, v. 17, p. 311-328, 2009. Dossiê "Psicologia, violência e o debate entre saberes". Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/tp/v17n2/v17n2a04.pdf. Acesso em: 3 jun. 2015.

SMITH, A. A riqueza das nações. Rio de Janeiro: Abril Cultural, 1982.

TAYLOR, D. O arquivo e o repertório: performance e memória cultural nas Américas. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2011.

TAYLOR, D.; FUERTES, M. A. (Org.). Estudios avanzados de performance. Tradução de Ricardo Rubio, Alcira Bixio, Ma. Antonieta Cancino, Silvia Peláez. México: FCE, Instituto Hemisférico de Performance y Política, Tisch School of the Arts, New York University, 2011.

SITES

COLETIVO GARAPA: https://garapa.org/

IMS – Instituto Moreira Salles: https://ims.com.br/

ROSANA PAULINO: http://www.rosanapaulino.com.br

WIKMEDIA COMMONS: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Leviathan_by_Thomas_Hobbes.jpg

YOUTUBE. Documentário Ôrí Beatriz do Nascimento. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Eh0A5GRiN64. Acesso em: 10 abr. 2016.

YOUTUBE. Entrevista com Coletivo Garapa. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=oy-Ju9RUnpI. Acesso em: 18 out. 2017.

YOUTUBE. Rachel Sheherazade – “Adote um Bandido”. Programa exibido em 4 fev. 2014, pelo canal de televisão brasileiro SBT. Disponível em: bit.ly/gartoposte. Acesso em: 19 out. 2015.

Downloads

Publicado

06-06-2019

Como Citar

SILVA, A. E. da C. A julgar pela imagem: Estado autoritário e a caça às alteridades. ARJ – Art Research Journal: Revista de Pesquisa em Artes, [S. l.], v. 5, n. 2, 2019. DOI: 10.36025/arj.v5i2.17857. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/artresearchjournal/article/view/17857. Acesso em: 21 dez. 2024.