What we talk about when we talk about play in artistic research

Autores

DOI:

https://doi.org/10.36025/arj.v10i2.28382

Palavras-chave:

arte, jogo, atitude lúdica, estratégias e processos criativos, dispositivos ou contra-dispositivos representacionais

Resumo

O presente artigo ensaia a noção de “jogo” nos territórios do pensamento e das práticas artísticas contemporâneas, como um “dispositivo” ou “contra-dispositivo” representacional. Para tal, analisa o modo como a sua aparente paradoxalidade – dada pela sua indefinibilidade – lhe permitem não só operar como condição aporética de toda a obra de arte e da sua irredutibilidade no plano da interpretação, mas, simultaneamente, assumir-se como “literalidade” ao nível das suas táticas, atitudes, estratégias e processos criativos, onde a noção – “jogo” – se transforma não só em termos estéticos e poéticos no mote para uma “apropriação” e transfiguração de práticas, contextos, objetos e comportamentos, como os seus resultados ampliam e “re-significam” o seu próprio conceito e definição.

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Biografia do Autor

Ivan Postiga, Universidade do Porto (U.Porto)

Ivan Postiga (1991), nasceu na Póvoa de Varzim e é Mestre em Artes Plásticas – Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP) com o projeto “Inconsciente Estético: O pensamento sem imagem e a lógica de um significado expandido” (2019), prova pública na qual obteve a classificação máxima de 20 valores. Em termos profissionais e académicos, encontra-se a frequentar o Programa Doutoral de Artes Plásticas na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, ao abrigo de uma Bolsa de Investigação da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), como investigador-não doutorado, recentemente integrado no Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade (i2ADS). No seu currículo, conta com prémios e participações individuais e coletivas em exposições, congressos e eventos científicos de âmbito nacional e internacional, assim como, a colaboração em várias publicações e eventos de investigação inseridos no contexto das Artes Plásticas. Ao longo dos últimos anos, enquanto artista/investigador, o seu interesse tem-se centrado em torno da exploração do conceito de “experimentação radical”, onde a questão do “jogo”, dos processos de transformação e apropriação do real, e da noção de “gesto” e “autoria” surgem intimamente problematizados via noções de “acaso”, “aleatoriedade” e “indeterminação”.

Domingos Loureiro, Universidade do Porto (U.Porto)

Domingos Loureiro nasceu em Valongo (1977) e é doutor em Arte e Design pela Universidade do Porto. Acumula a sua atividade de artista visual com a de Professor Auxiliar na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, no Departamento de Artes Plásticas – Pintura. Investigador Integrado do Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade. Acumula diversos cargos e funções associados à Academia e é autor e editor de diversos documentos científicos e académicos. Artista premiado, conta no seu currículo com exposições em diversos países tais como Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Bélgica, Itália, Irlanda, EUA, Brasil, Japão, Alemanha, Canadá e Holanda.

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Publicado

22-11-2023

Como Citar

POSTIGA, I.; LOUREIRO, D. What we talk about when we talk about play in artistic research. ARJ – Art Research Journal: Revista de Pesquisa em Artes, [S. l.], v. 10, n. 2, 2023. DOI: 10.36025/arj.v10i2.28382. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/artresearchjournal/article/view/28382. Acesso em: 30 abr. 2024.

Edição

Seção

Dossiê: Perspectivas Multidisciplinares no Campo da Arte