Danças e africanidades: desafios anticoloniais na pós-graduação em dança, caminhos desobedientes para epistemologias e estéticas insurgentes

Autores

DOI:

https://doi.org/10.36025/arj.v9i2.28911

Palavras-chave:

dança negra, afro-indígena, insurgência, colonialidade do poder, contra-dramaturgia

Resumo

O modelo acadêmico de ensino, pesquisa e aprendizagem em artes, especificamente, na área de dança, precisa ser repensado dentro de uma perspectiva anticolonial e afro-brasileira. Neste sentido, o objetivo deste trabalho é a partir dele instaurar caminhos, epistemologias e estéticas entrecruzadas emergentes e em pleno processo de produção/legitimação de conhecimentos. O artigo proposto aborda experiências de ensino e pesquisa junto ao componente curricular Dança e africanidades: perspectivas educacionais, poéticas e políticas do Programa de Pós-graduação em Dança da Universidade Federal da Bahia, a partir  de  questões suleadoras, visando "descolonizar"  escritas e práticas acadêmicas em pesquisas no campo da dança, assim como reconfigurar pesquisas em ações contra a colonialidade,  o racismo, a homofobia,  transfobia e o machismo acadêmico.

 

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Biografia do Autor

Amélia Conrado, Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Amélia Vitória de Souza Conrado (Amélia Conrado) fez estágio pós-doutoral em Artes das Imagens e Arte Contemporânea na Universidade de Paris VIII, França. Doutora em Educação pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Professora da Escola de Dança e integra os Programas de Pós-Graduação em Dança e Mestrado Profissional em Dança da UFBA. Líder do Grupo de Pesquisa "GIRA - culturas indígenas, repertórios afrobrasileiros e populares". Recebeu em 2014 o Prêmio de Professora Visitante Ilustre pelo Five College Latin American, Caribbean and Latino Studies (Massachusetts Amherst, Estados Unidos). Autora de livros e artigos especializados e destaca seu trabalho como coeditora e coautora da obra  Dancing Bahia: essays on afro-brazilian dance, education, memory, and race, que foi lançada no exterior e recebeu prêmio de menção pela excelência em estudos de dança pela Dance Studies Associationalém disso, existem resenhas críticas sobre esta obra em importantes jornais dos Estados Unidos.

Lau Santos, Pesquisador independente

Laudemir Pereira dos Santos (Lau Santos) é artista da cena, professor pesquisador, macumbeiro e capoeirista. Fez Pós-doutorado em Dança no PPGDANÇA/UFBA. Doutor e Mestre em Teatro com titulação na UDESC. Ministrou aulas em Escolas de Teatro, Circo e Dança no Brasil, Barcelona, Paris e Amsterdam. É um dos coautores do livro Gramáticas das Corporeidades Afrodiaspóricas: perspectivas etnográficas, lançado em 2020, org. Julio Tavares.  Autor de vários artigos, livros e audiovisuais que tem como tema: Corporalidades Afro-brasileiras, Danças Negras, Contra colonialidade e Contra dramaturgia. Professor convidado e cofundador do componente Dança e Africanidades: perspectivas educacionais, poéticas e políticas (Doutorado, PPGDANÇA/UFBA). Dirigiu e atuou em experiências cênicas (performativas e audiovisuais) no Brasil e na Europa. Atua como Pesquisador Associado nos seguintes grupos de pesquisa: Laboratório de Etnografia e Estudos em Comunicação, Cultura e Cognição (LEECCC), no Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFF, no Grupo de Pesquisa em Dança Gira, no PPGDANÇA/UFBA e no grupo Rede Africanidades na FACED/UFBA. 

Maria Paixão, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Maria de Lurdes Barros da Paixão (Maria Paixão) é líder do grupo de pesquisa Linguagens da Cena: Imagem, Cultura e Representação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte/DEART/CNPQ. Mestrado e Doutorado pela UNICAMP e Pós-Doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da UFBA, parte da pesquisa feita na biblioteca para as artes do espetáculo de Nova Iorque. Desenvolve pesquisa sobre a historiografia da dança no cinema. Filiada à Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual, SOCINE, e à Associação Nacional de Pesquisadores em Dança, ANDA. Desenvolve pesquisas sobre questões afrodiaspóricas, contra-dramatúrgicas coreográficas e contra-coreo-edição na dança negra contemporânea em mediações tecnológicas. Docente Permanente do Programa de Pós-Graduação em Dança da UFBA. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Culturas Indígenas e Repertórios Afro-brasileiros e Populares - GIRA/CNPQ/Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia, UFBA. 

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Publicado

01-12-2022 — Atualizado em 01-12-2022

Versões

Como Citar

CONRADO, A. V. de S.; SANTOS, L. P. dos; PAIXÃO, M. de L. B. da. Danças e africanidades: desafios anticoloniais na pós-graduação em dança, caminhos desobedientes para epistemologias e estéticas insurgentes. ARJ – Art Research Journal: Revista de Pesquisa em Artes, [S. l.], v. 9, n. 2, 2022. DOI: 10.36025/arj.v9i2.28911. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/artresearchjournal/article/view/28911. Acesso em: 21 dez. 2024.

Edição

Seção

Dossiê: Dramaturgias e Epistemologias Insurgentes na Dança