Beethoven e a tradição retórica do século XVIII

Autores

DOI:

https://doi.org/10.36025/arj.v10i1.31819

Palavras-chave:

Beethoven, Música Antiga, retórica musical, Romantismo, gênio

Resumo

A permanência de elementos estruturais do discurso retórico na obra sinfônica de Beethoven, muitas vezes subvalorizados por ouvintes, intérpretes e analistas, é o foco de análise deste artigo. Deste modo, procuramos contextualizar os aspectos das origens da obra beethoveniana a partir da linguagem musical retoricamente regrada herdada dos mestres do século XVIII. Não raro podemos encontrar o compositor classificado como um paradigma do gênio romântico ou, pelo menos, como grande o precursor da linguagem musical romântica que surgia no início do século XIX. Apesar das inovações trazidas por Beethoven em diversos aspectos da linguagem musical, defendemos que sua obra pode – e talvez deva – ser compreendida a partir da tradição retórica do século XVIII.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

William Coelho, Universidade de São Paulo (USP)

William Coelho de Oliveira é doutor e mestre em Musicologia e bacharel em Regência pela Universidade de São Paulo, USP.  É maestro preparador do Coro da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, OSESP, e regente titular da EOS Música Antiga USP, orquestra especializada no repertório dos séculos XVII e XVIII, e da Orquestra Joseense. Foi professor de regência coral na pós-graduação da Faculdade Paulista de Artes, professor de harmonia, contraponto e percepção da Universidade Federal de Juiz de Fora, professor de canto coral da Universidade Estadual Paulista, UNESP, e professor da Academia da OSESP. É regente convidado de orquestras como a OSESP, a Sinfônica da USP e a Sinfônica de Piracicaba. Foi finalista do Prêmio Jovem Talento 2019 da revista Concerto e sua tese de doutorado premiada pelo Programa de Pós-Graduação em Música da USP. Em 2020 regeu o Coro da OSESP no Fórum Econômico Mundial em Davos na Suíça e em 2022 no Americas Society em Nova Iorque.

Mário Videira, Universidade de São Paulo (USP)

Mário Rodrigues Videira Junior é Professor Livre-Docente em Estética Musical pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, ECA/USP. Possui graduação em Música e em Filosofia pela Universidade de São Paulo, mestrado em Musicologia pela Universidade Estadual Paulista, UNESP, e doutorado em Filosofia pela USP. Publicou o livro O Romantismo e o Belo Musical, além de diversos artigos em revistas especializadas. Como bolsista CNPq/DAAD realizou estágio de pesquisa na Eberhard-Karls Universität Tübingen, sob orientação do Prof. Dr. Manfred Frank. Foi coordenador do Programa de Pós-Graduação em Música da ECA/USP por duas gestões e editor-responsável da Revista Música (2012-2017). Em 2019 recebeu o Prêmio Excelência para Novas Lideranças em Pesquisa na USP na Área de Linguística, Letras e Artes.

 

Referências

AMBROS, A. W. Culturhistorische Bilder aus dem Musikleben der Gegenwart. Leipzig: Heinrich Matthes, 1860.

BONDS, M. E. The Beethoven Syndrome: Hearing Music as Autobiography. Oxford: Oxford University Press, 2020.

DUARTE, P. Estio do Tempo: romantismo e estética moderna. Rio de Janeiro: Zahar, 2011.

GOETHE, J. W. Os sofrimentos do jovem Werther. Trad. L. C. Lack. São Paulo: Nova Alexandria, 1999.

HOFFMANN, E. T. A. O Melófobo e a Quinta Sinfonia de Beethoven. Trad. M. Suzuki; M. Videira. São Paulo: Editora Clandestina, 2016. Disponível em: https://www.editoraclandestina.org/_files/ugd/af0615_d45d4f72b2984448a824b0d635c86810.pdf. Acesso em: 20 mar. 2022.

KANT, I. Crítica da Faculdade do Juízo. Trad. A. Marques; V. Rohden. Lisboa: Imprensa Nacional, 1998.

LAWSON, C.; STOWELL, R. The Historical Performance of Music: An Introduction. Cambridge: Cambridge University Press, 1999.

LUCAS, M. Alguns aspectos da execução da música para sopros do classicismo alemão e vienense. Debates: Cadernos do Programa de Pós-Graduação em Música UNIRIO, Rio de Janeiro, v. 10, p. 23-40, 2007.

LUCAS, M. Humor e agudeza em Joseph Haydn: Quartetos de Cordas op. 33. São Paulo: Annablume/Fapesp, 2008.

MONTEIRO, E.; LUCAS, M. “O espírito de Mozart pelas mãos de Haydn”: 250 anos de Ludwig van Beethoven. Estudos Avançados, São Paulo, v. 34, n. 100, p. 341-368, 2020. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/eav/article/view/178798. Acesso em: 20 mar. 2022.

NEVES, M. V. S. H. O caminho para a emulação: Francesco Geminiani e a consolidação do estilo inglês no século XVIII (1714-1762). Tese (Doutorado em Musicologia) - Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.11606/T.27.2021.tde-13072022-153129. Acesso em: 20 mar. 2022.

OLIVA NETO, J. A. Introdução: Bocage e a tradução poética no século XVIII. In: OVIDIO. Metamorfoses. Trad. Bocage. São Paulo: Hedra, 2007. p. 9-33.

OLIVEIRA, W. C. Beethoven, proprietário de um cérebro. São Paulo: Perspectiva, 1979.

ROSEN, C. A Geração Romântica. Trad. E. Seincman. São Paulo: EDUSP, 2000.

ROSEN, C. The Classical Style: Haydn, Mozart, Beethoven. New York: W. W. Norton & Company, 1997.

ROSENBLUM, S. P. Performance Practices in Classic Piano Music: Their Principles and Applications. Bloomington: Indiana University Press, 1988.

SAINT-LAMBERT, J. F. Gênio. In: DIDEROT, D.; D’ALEMBERT, J. L. R. Enciclopédia, ou Dicionário razoado das ciências, das artes e dos ofícios. Vol. 5 (Sociedade e Artes). Trad. M. G. Souza et al. São Paulo: Editora Unesp, 2015. p. 323-329.

SUZUKI, M. Uma abertura para a sinfonia do mundo espiritual – Música, arte e filosofia na literatura de E. T. A. Hoffmann. In: HOFFMANN, E. T. A. O Melófobo e a Quinta Sinfonia de Beethoven. Trad. M. Suzuki; M. Videira. São Paulo: Editora Clandestina, 2016. p. 45-79.

VIDEIRA, M. Crítica musical enquanto teoria estética em E. T. A. Hoffmann. Artefilosofia, Ouro Preto, v. 5, n. 8, p. 91-105, 2010. Disponível em: https://periodicos.ufop.br/raf/article/view/653. Acesso em: 20 mar. 2022.

VIDEIRA JUNIOR, M. R. A linguagem do inefável: música e autonomia estética no romantismo alemão. Tese (Doutorado em Filosofia) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. Disponível em: https://doi.org/10.11606/T.8.2009.tde-05022010-133457. Acesso em: 20 mar. 2022.

WAGNER, R. Beethoven. Trad. A. H. Cavalcanti. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.

Downloads

Publicado

17-05-2023 — Atualizado em 17-05-2023

Versões

Como Citar

COELHO, W.; VIDEIRA, M. Beethoven e a tradição retórica do século XVIII. ARJ – Art Research Journal: Revista de Pesquisa em Artes, [S. l.], v. 10, n. 1, 2023. DOI: 10.36025/arj.v10i1.31819. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/artresearchjournal/article/view/31819. Acesso em: 21 dez. 2024.

Edição

Seção

Dossiê: Teorias, Poéticas e Práticas da Música Antiga