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![[Descrição da imagem] A pintura intitulada "Grupo musical numa varanda" [Musical Group on a Balcony] foi produzida pelo holandês Gerrit van Honthorst (1590-1656) em 1622. Representa a cena de uma performance musical realizada por quatro cantores e três instrumentistas ladeados por uma arara e um cachorro, todos distribuídos ao redor de um balcão, observado desde um plano inferior. Os cantores e os instrumentistas vestem roupas coloridas, que contrastam com o céu azul claro com nuvens brancas que lhes faz fundo. Os quatro cantores se dividem em dois pares; um deles, de maior destaque na cena, se ocupa em ler um livro de partituras sustentado pela cantora, enquanto o outro, na margem esquerda, dirige seu olhar ao observador externo. Os três instrumentistas, dois tocando alaúdes e o outro uma teorba, trocam olhares entre si. O cachorro e a arara acompanham o segundo casal de cantores, encarando o observador externo. A perspectiva explorada pelo pintor possibilita criar a ilusão de que esse observador situa-se no meio da cena, como parte dela, num piso inferior do prédio onde ela acontece, ou seja, o observador externo dirige seu olhar de baixo para cima. As práticas musicais do Antigo Regime, com suas teorias e poéticas, foram bastante representadas em pinturas produzidas entre os séculos XVI, XVII e XVIII, e constituem o objeto de estudo que abordamos nas pesquisas que se fazem presentes neste dossiê. Por isso, a imagem nos parece oportuna para ilustrá-lo. A polivalência de sua leitura nos parece ainda mais oportuna, uma vez que nos possibilita, como músicos e pesquisadores do século XXI, nos projetarmos como "participantes" dessa cena, fazendo soar essas músicas no tempo presente; nos projetarmos como ouvintes, familiares ou estrangeiros em relação a essa prática de origem europeia, e com algum distanciamento submetê-la a análises e reflexões; ou ainda nos projetarmos como o elemento "exótico" da cena, como a arara vermelha levada das Américas à Europa, para pensar os processos históricos de colonização, aculturação e a participação da América Latina nas práticas culturais desse período. Por certo, essas projeções não são excludentes, pelo contrário, se somam e se multiplicam, e contribuem para a compreensão dos diversos elementos presentes nesse que parece ser um simples ato de cantar acompanhado, seja hoje, seja nos muitos tempos passados [Fim da descrição]](https://periodicos.ufrn.br/public/journals/63/cover_issue_1451_pt_BR.jpg)
Ilustração: A pintura intitulada "Grupo musical numa varanda" [Musical Group on a Balcony] foi produzida pelo holandês Gerrit van Honthorst (1590-1656) em 1622. Representa a cena de uma performance musical realizada por quatro cantores e três instrumentistas ladeados por uma arara e um cachorro, todos distribuídos ao redor de um balcão, observado desde um plano inferior. A perspectiva explorada pelo pintor possibilita criar a ilusão de que esse observador situa-se no meio da cena, como parte dela, num piso inferior do prédio onde ela acontece, ou seja, o observador externo dirige seu olhar de baixo para cima. As práticas musicais do Antigo Regime, com suas teorias e poéticas, foram bastante representadas em pinturas produzidas entre os séculos XVI, XVII e XVIII, e constituem o objeto de estudo que abordamos nas pesquisas que se fazem presentes neste dossiê. Por isso, a imagem nos parece oportuna para ilustrá-lo. A polivalência de sua leitura nos parece ainda mais oportuna, uma vez que nos possibilita, como músicos e pesquisadores do século XXI, nos projetarmos como "participantes" dessa cena, fazendo soar essas músicas no tempo presente; nos projetarmos como ouvintes, familiares ou estrangeiros em relação a essa prática de origem europeia, e com algum distanciamento submetê-la a análises e reflexões; ou ainda nos projetarmos como o elemento "exótico" da cena, como a arara vermelha levada das Américas à Europa, para pensar os processos históricos de colonização, aculturação e a participação da América Latina nas práticas culturais desse período. Por certo, essas projeções não são excludentes, pelo contrário, se somam e se multiplicam, e contribuem para a compreensão dos diversos elementos presentes nesse que parece ser um simples ato de cantar acompanhado, seja hoje, seja nos muitos tempos passados.
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Diálogos sonoros é uma publicação periódica direcionada à divulgação de dados parciais e/ou conclusivos de pesquisas acadêmicas da subárea Música, expressos em campos que compreendam este fenômeno em suas áreas de concentração: Educação Musical, Performance, Musicologia, Etnomusicologia, Composição, Musicoterapia. Para tanto, a revista se organiza nos seguintes tipos de seções: Artigos, voltados para relatos de pesquisa em andamento com dados consolidados, ou concluídas; Resenhas, direcionadas à publicação de textos críticos acerca de obras acadêmicas emergentes na subárea Música; Ensaios, objetivando a composição de textos teóricos e/ou filosóficos/reflexivos sobre a subárea; Relatos de experiência, voltados à descrição analítica de questões e problemas da subárea a partir de uma perspectiva essencialmente prática e; Dossiês, com o intuito de promover eventuais números temáticos sobre elementos cuja discussão, pesquisa e/ou reflexão se fazem necessários no campo acadêmico da Música.