DO IMPÉRIO À REPÚBLICA

As epidemias justificadoras da estigmatização e segregação espacial na cidade do Rio de Janeiro.

Autores

  • Patrick Silva dos Santos Universidade Federal Fluminense

DOI:

https://doi.org/10.21680/1984-817X.2021v17n1ID21881

Resumo

Este artigo tem por objetivo fazer uma reflexão crítica em relação aos processos de reorganização da cidade do Rio de Janeiro orientadas ideologicamente pela perspectiva do combate ao outro, “enfermo” e portador a priori das moléstias que assolaram à capital imperial, mais tarde capital da república. As muitas epidemias que eclodiram no Rio de Janeiro, desde os tempos do império foram creditadas aos segmentos populacionais já estigmatizados daquela sociedade: negros, mulatas, mestiços e brancos pobres. Portanto, o que orienta esta reflexão, é como o advento das epidemias, das doenças proporcionaram as populações pobres quando operadas como justificativas ideológicas pelos agentes do Estado. Metodologicamente à análise se utilizou de instrumental histórico-sociológico.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALONSO, Angela. Idéias em movimento: a geração de 1870 na crise do Brasil-Império. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

ALVES FILHO, Aluizio. O racismo em Monteiro Lobato, segundo leituras de afogadilho. Passagens. Revista Internacional de História e Cultura Jurídica. Rio de Janeiro, v. 8, n. 2, p. 355-407, maio-agosto, 2016.

BARRETO, Lima. Lima Barreto: cronista do Rio/Organização Beatriz Resende. Belo Horizonte/Rio de Janeiro: Autêntica/Fundação Biblioteca Nacional, 2020.

BECK, Ulrich. A metamorfose do mundo: novos conceitos para uma nova realidade. Rio de Janeiro: Zahar, 2018.

BECKER, Howard Saul. Outsiders: estudos de sociologia do desvio. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

BETHENCOURT, Francisco. Racismos: das cruzadas ao século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

BOMFIM, Manoel. A America Latina: males de origem. Paris: Garnier, 1905.

BOTELHO, André; SCHWARCZ, Lilia Moritz (Org). Cidadania, um projeto em construção: minorias, justiça e direitos. São Paulo: Claro enigma, 2012.

CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.

_______________________. A formação das almas: o imaginário da República no Brasil. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.

________________________. A construção da ordem: a elite política imperial. Teatro de sombras: a política imperial. 10. ed. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 2017.

CHALHOUB, Sidney. Cidade febril: cortiços e epidemias na Corte imperial. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.

_________________. Visões da liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na Corte. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

COSTA, Emília Viotti da. Da Monarquia à República: momentos decisivos. São Paulo: Grijalbo, 1977.

DARATIOTO, Francisco Fernando Monteoliva. Maldita guerra: nova história da Guerra do Paraguai. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

DEL PRIORE, Mary; VENANCIO, Renato. Uma breve história do Brasil. São Paulo: Planeta do Brasil, 2010.

DRESCHER, Seymour. Abolição: uma história da escravidão e do antiescravismo. São Paulo: Unesp, 2011.

ELIAS, Norbert. O processo civilizador, volume 1: uma história dos costumes. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2011.

______________. O processo civilizador, volume 2: formação do Estado e civilização. Rio de Janeiro: Zahar, 1993.

FELLET, João. Pandemia desmascara ‘arrogância da ignorância’ de governantes, diz historiador. BBC NEWS Brasil, São Paulo, 19 de abril de 2020. Disponível em: < https://www.bbc.com/portuguese/brasil-52250448>. Acesso em: 19 de abril de 2020.

GAULTIER, Jules de. Le Bovarysme: mémoire de la critique. Paris: Presses de I’Université Paris-Sorbonne, 2006.

GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017.

________________. Manicômios, prisões e conventos. 8. ed. São Paulo: Perspectiva, 2008.

HOCHMAN, Gilberto; LIMA, Nísia Trindade (Orgs). Médicos intérpretes do Brasil. São Paulo: Hucitec, 2015.

HOFBAUER, Andreas. Uma história do branqueamento ou o negro em questão. São Paulo: FAPESP/Unesp, 2006.

MARIANE, Paula. ‘O século XXI começa nesta pandemia’ diz Lilia Schwarcz. CNN Brasil, São Paulo, 04 de julho de 2020. Disponível em: < https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/2020/07/04/o-seculo-21-comeca-nesta-pandemia-analisa-a-historiadora-lilia-schwarcz >. Acesso em: 04 de julho de 2020.

MATTOS, Hebe. Das cores do silêncio: os significados da liberdade no sudoeste escravista (Brasil, século XIX). 3. ed. Campinas: Unicamp, 2013.

MBEMBE, Achille. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. São Paulo: n-1 edições, 2018.

NEEDELL, Jeffrey D. Belle Époque tropical: sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do século. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

NOGUEIRA, Oracy. Vozes de Campos do Jordão: experiências sociais e psíquicas do tuberculoso pulmonar no Estado de São Paulo. 2. ed. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2009.

PETTERSON, Orlando. Escravidão e Morte social: um estudo comparativo. São Paulo: USP, 2008.

SÁ, Dominichi Miranda de. A ciência como profissão: médicos, bacharéis e cientistas no Brasil (1895-1935). Rio de Janeiro: Fiocruz, 2006.

SCHWARCZ, Lilia M.; STARLING, Heloisa M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil – 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

SEVCENKO, Nicolau. Literatura como Missão: tensões sociais e criação cultural na Primeira República. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

WACQUANT, Loïc. As duas faces do gueto. São Paulo: Boitempo, 2008.

Downloads

Publicado

29-03-2021

Como Citar

SILVA DOS SANTOS, P. DO IMPÉRIO À REPÚBLICA: As epidemias justificadoras da estigmatização e segregação espacial na cidade do Rio de Janeiro. Revista Espacialidades, [S. l.], v. 17, n. 1, p. 147–174, 2021. DOI: 10.21680/1984-817X.2021v17n1ID21881. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/espacialidades/article/view/21881. Acesso em: 22 dez. 2024.