O DESFILE DOURADO DOS FARAÓS:

múmias, museus e identidade nacional egípcia

Autores

  • Nina Paschoal UNIFESP
  • Naiara Müssnich Rotta Gomes Assunção
  • Francismara Lelis

DOI:

https://doi.org/10.21680/1984-817X.2022v18n2ID28192

Palavras-chave:

Egito, Desfile Dourado dos Faraós, Museu Egípcio

Resumo

Este artigo procura analisar alguns dos discursos visuais e orais proferidos no Desfile Dourado dos Faraós, evento ocorrido em abril de 2021 no Cairo, Egito. Nele, 22 múmias de reis e rainhas dinásticas foram transferidas do Museu Egípcio do Cairo para o seu novo espaço expositivo no Museu Nacional da Civilização Egípcia. Iremos abordar um breve histórico da Egiptologia, do Museu Egípcio e da cooptação colonial de espaços culturais a fim de contextualizar as análises sobre o simbolismo de elementos presentes no Desfile. Discutiremos as presenças e ausências de representação no evento com o objetivo de lançar uma reflexão sobre a forma pela qual o Egito usa seu passado e seu patrimônio cultural e material para reelaborar suas narrativas históricas, de acordo com o que lhe é pertinente politicamente no presente. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Nina Paschoal, UNIFESP

Doutoranda em História da Arte pela Universidade Federal de São Paulo, mestra, bacharel e licenciada em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Especialista em Orientalismo. Integra as equipes do Hunna Coletivo e Click Museus. E-mail: nina_paschoal@hotmail.com

Referências

ABU-LUGHOD, Lila. As mulheres muçulmanas precisam realmente de salvação? Reflexões antropológicas sobre o relativismo cultural e seus Outros. in Estudos Feministas, Florianópolis, n. 20, vol.2, p. 256, maio-agosto/2012.

AL-YOUM, Al-Masry. Percussionist Radwa al-Behairy praises women's representation in Golden Parade. 2021. Egypt Independent. Egypt Independent. 05/04/2021. Disponível em: https://egyptindependent.com/percussionist-radwa-al-behairy-praises-womens-representation-in-golden-parade/. Acesso em: 22 fev. 2022.

ASSUNÇÃO, Naiara Müssnich Rotta Gomes de. “Orientalismo”: O conceito de Edward Said e suas críticas. In: BUENO, André (org.). Estudos em História Asiática e Orientalismo no Brasil. Rio de Janeiro: Sobre Ontens/Uerj, 2020. p. 138-143.

ASSUNÇÃO, Naiara Müssnich Rotta Gomes de. As Origens da Dança do Ventre: perspectivas críticas e orientalismo. 2021. 95 f. TCC (Graduação) - Curso de Licenciatura em História, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2021.

ATEF, Rana. All you need to know about “Pharaohs’ Golden Parade'' breathtaking symphony. 2021. SeeEgy Sada elBalad English, 03/04/2021. Disponível em: https://see.news/pharaohs-golden-parade-symphony/. Acesso em: 21 fev. 2022.

BAKOS, Margaret (org.). Egiptomania: O Egito no Brasil. São Paulo: Paris Editorial, 2004.

BALTHAZAR, Gregory da Silva. O Corpo Ideal: Um estudo sobre o feminino na arte régia do Reino Novo (cc. 1550-1070 a.C.). NEArco – Revista Eletrônica de Antiguidade. Vol.1, Ano VI, n. 2. Rio de Janeiro: UERJ/NEA, 2011

BBC NEWS. Egypt President Abdul Fattah al-Sisi: Ruler with an iron grip. 2020. Disponível em: https://www.bbc.com/news/world-middle-east-19256730. Acesso em: 27 fev. 2022.

BHABHA, Homi. O local da cultura. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1998.

BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Rio de Janeiro/Lisboa: Bertrand Brasil/Difel, 1989.

BRANCOLI, Fernando. Primavera árabe: praças, ruas e revoltas. São Paulo: Desatino, 2013.

DOYON, Wendy. The poetics of Egyptian Museum practice. In British Museum Studies in Ancient Egypt and Sudan, n.10, p. 1-37, 2008.

EGGERS, Natasha de Andrade. Viagens, antiquarismo e expansão imperial no século XIX: estudo das operações de Sarah e Giovanni Belzoni no Egito (1815-1821). Dissertação (Mestrado em História). – Departamento de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2017.

EINAUDI, Sílvia. Museu Egípcio, Cairo. Col. Folha Grandes museus do mundo, vol. 4. Rio de Janeiro : Mediafashion, 2009.

ELGENIUS, Gabriella. “National museums as national symbols: a survey of strategic nation-building and identity politics; nations as symbolic regimes” in ARONSSON, Peter; ELGENIUS, Gabriella (orgs.) National museums and nation building in Europe 1750-2010: mobilization and legitimacy, continuity and change. New York: Routledge, 2015.

FAGAN, Brian. Archaeologists: Explorers of the Human Past. New York: Oxford University Press, 2003.

FAYED, Shaimaa. Egypt 2011 tourism revenues seen down by a third. Reuters. Cairo, 13 dez. 2011. Disponível em:

https://www.reuters.com/article/uk-egypt-tourism-idUSLNE7BC03720111213>

FIGUEIREDO, Filipe. As mensagens do espetacular cortejo de múmias no Egito. 2021. Disponível em:

https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/filipe-figueiredo/as-mensagens-do-espetacular-cortejo-de-mumias-no-egito/

HALL, Stuart. Cultura e representação. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio: Apicuri, 2016.

HOBSBAWM, Eric. A Era dos impérios 1875-1914. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.

HOBSBAWM, Eric. Sobre História. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

In Egypt, a motorcade of mummies says more about the modern nation than the ancient past. Apollo: the international art magazine, 07/04/2021. Disponível em: https://www.apollo-magazine.com/royal-mummies-parade-egypt/ Acesso em: 20 fev. 2022.

LELIS, Francismara de Oliveira. Quando os faraós desfilam no presente: A Marcha Dourada dos Faraós no Egito contemporâneo (2021). In: BUENO, André (org.). Mundos em Movimento: Próximo Oriente. Rio de Janeiro: Projeto Orientalismo/UERJ, 2021. p. 111-118.

LEON, Ana Terra de. O outro, o Egito Antigo e a Branquitude. 2020. Disponível em: https://www.hunnacoletivo.com/post/o-outro-o-egito-antigo-e-a-branquitude. Acesso em: 27 fev. 2022.

LUGONES, Maria. Colonialidade e gênero. in HOLLANDA, Heloisa Buarque. Pensamento feminista hoje: perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020.

MACEDO, Suianni Cordeiro. Os bárbaros e o cortejo civilizatório das múmias. 2021. In:. Humanas – Pesquisadoras em rede (site):

https://www.humanasrede.com/post/os-b%C3%A1rbaros-e-o-cortejo-civilizat%C3%B3rio-das-m%C3%BAmias

MAGNIN, Émilie. Neo-Pharaonism and National Revival. in. Manazir, Nostalgia and Belonging in Art and Architecture from the MENA Region - Essay Collection. Universitat Bern, 2021.

MAHMOUD, Shadia. The development of archaeological and historical museums in Egypt during the nineteenth and twentieth centuries: imperialism, nationalism, UNESCO patronage, and egyptian museology today. Dissertação (Doctor of Philosophy). Texas Tech University, Texas, 2012.

MCCLINTOCK, Anne. Couro imperial: raça, gênero e sexualidade no embate colonial. Campinas: Editora da Unicamp, 2010.

NIEUWKERK, Karin van. "A trade like any other": Female Singers and Dancers in Egypt. Austin: University Of Texas Press, 1995.

PASCHOAL, Nina. Expressões orientalistas na França: desenvolvimento de artes e ciências após a Campanha do Egito (1798). In Faces de Clio, vol. 7, n. 13, p. 208-230, jan./jul. 2021.

PIRES, Rafael dos Santos. O Mito do Egito Eterno: Desenvolvimento acadêmico, impactos políticos. In Faces da História. vol. 6, jul/dez. 2019.

SHAY, Anthony. Dance and Jurisprudence in the Islamic Middle East. In: SHAY, Anthony, SELLERS-YOUNG, Barbara. Belly Dance: Orientalism, Transnacionalism and Harem Fantasy. Costa Mesa: Mazda Publishers, 2005.

?AHIN, Christine M.. Core Connections: a contemporary cairo raqs sharqi ethnography. 2018. 350 f. Tese (Doutorado) - Curso de Critical Dance Studies, University Of California, Riverside, 2018.

SAID, Edward. Cultura e imperialismo. São Paulo: Companhia de Bolso, 2011.

SAID, Edward. Orientalismo. O Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo. Companhia das Letras, 2007.

SAMPAIO, Luiz Fernando Pina. Arte, ciência e imagens sobre o Egito na França de Napoleão. in Revista Ensaios de História, v.14, n.1/2, p.123-132, 2009.

SCALF, Foy. Book of the Dead: Becoming God in Ancient Egypt. Chicago: Oriental Institute Of The University Of Chicaco, 2017.

SHOHAT, Ella. Des-orientar Cleópatra: um tropo moderno da identidade. In. Cadernos Pagu n.23, p.11-54, julho-dezembro, 2004.

SIBAI, Sirin Adbli. La cárcel del feminismo: Hacia un pensamiento islámico decolonial. Madrid: Akal, 2016.

SPENCER, Patricia. Dance in Ancient Egypt. Near Eastern Archaeology. in Dance in the Ancient World, Chicago, v. 66, n. 3, p. 111-121, set. 2003.

THE ARAB WEEKLY. Why are Egypt’s Salafists backing Sisi? 2018. Disponível em: https://thearabweekly.com/why-are-egypts-salafists-backing-sisi. Acesso em: 27 fev. 2022.

THORNHILL, Michael T. Informal Empire, Independent Egypt and the Accession of King Farouk. In: The Journal of Imperial and Commonwealth History, vol. 38, n. 2, p. 279-302, 2010.

TRT WORLD. Egypt condemns pharaohs in the mosque, celebrates them on the streets. Disponível em: https://www.trtworld.com/magazine/egypt-condemns-pharaohs-in-the-mosque-celebrates-them-on-the-streets-45620. Acesso em: 27 fev. 2022.

WYNN, Lisa. Pyramids & Nightclubs: A Travel Ethnography of Arab and Western Imaginations of Egypt, from King Tut and a Colony of Atlantis to Rumors of Sex Orgies, Urban Legends about a Marauding Prince, and Blonde Belly Dancers. Austin: University of Texas Press, 2007.

ZAID, Mohammed Abu. El-Sisi: Muslim Brotherhood has been eating away at Egypt for 90 years. 2021. Arab News. Disponível em: https://arab.news/mjvzy. Acesso em: 27 fev. 2022.

Downloads

Publicado

31-12-2022

Como Citar

PASCHOAL, N.; MÜSSNICH ROTTA GOMES ASSUNÇÃO, N.; LELIS, F. O DESFILE DOURADO DOS FARAÓS: : múmias, museus e identidade nacional egípcia. Revista Espacialidades, [S. l.], v. 18, n. 2, p. 206–231, 2022. DOI: 10.21680/1984-817X.2022v18n2ID28192. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/espacialidades/article/view/28192. Acesso em: 29 mar. 2024.