Fé nos trilhos: a chegada das ferrovias no Rio Grande do Norte (1881-1904)
Resumo
Este artigo é fruto da dissertação de mestrado “Dos caminhos de água aos
caminhos de ferro”, defendida em 2006 no Programa de Pós-Graduação em
Arquitetura e Urbanismo da UFRN. As estradas de ferro no Brasil foram vistas
como uma maneira de o país entrar no grupo das nações “civilizadas”, dentro
da divisão internacional do trabalho. Entretanto, sua implantação transcendeu a
justificativas somente econômicas. A crença de que as ferrovias trariam
também modificações imediatas nos centros urbanos e nos costumes dos
habitantes das zonas cortadas por essa inovação tecnológica estaria entre
alguns dos anseios que emergiram dos discursos de inauguração e periódicos
analisados. Eles estavam imbuídos de referências religiosas, liberais e utópicas
e ornamentados com uma retórica que construía um conflito do homem com
uma natureza obscura – personificada pela seca –, onde a razão e a ciência
sairiam triunfantes através dos avanços tecnológicos.