MARIO VARGAS LLOSA E A INFLUÊNCIA NEOLIBERAL SOBRE NOSSO TEMPO
Uma entrevista com Atilio Boron
DOI:
https://doi.org/10.21680/1982-1662.2021v4n32ID26432Resumen
No dia 13 de Julho de 2020 realizamos uma entrevista com o sociólogo e politólogo argentino Atilio Boron. O trágico pano de fundo daquele período era o crescente número de mortos devido à pandemia da COVID-19. Um ano antes, Boron havia lançado o livro “El hechicero de la tribu”, uma obra dedicada a radiografar a trajetória e o giro político e intelectual do escritor peruano Mario Varga Llosa — da proximidade com o marxismo, na década 1960, ao liberalismo contemporâneo de um personagem que ostenta não apenas o Nobel de Literatura, mas o título de Marquês sob a Coroa Espanhola. Para além da radiografia, é uma resposta dura ao livro “La llamada de la tribu”, de 2018, onde Llosa, a partir de uma autobiografia intelectual, faz uma defesa de seus pensadores liberais preferidos. Nos dedicamos à leitura e exploração da polêmica, discutindo o conteúdo e as referências de cada capítulo, processo que gerou uma resenha. A partir de tal esforço, emergiram lacunas que nos exigiram um diálogo com o autor. Nesse sentido, a entrevista caminhou por temas como o da relação de Vargas Llosa com o neoliberalismo, seu ideário, suas influências e a propaganda na América Latina; chegando, também, ao debate sobre o papel das Ciências Sociais e das Humanidades na atual conjuntura. Temas que expressam as urgências nas discussões sobre os rumos das diversas lutas populares no subcontinente. Atilio Boron conseguiu não apenas analisá-las em suas respostas, como também levantou novas questões, promoveu reflexões e apontou perspectivas, dentro das quais podemos repensar o papel do pensamento crítico na América Latina.