DO SINGULAR AO COMUM?

Simmel e as tensões da individualidade moderna

Auteurs-es

DOI :

https://doi.org/10.21680/1982-1662.2019v2n24ID17025

Résumé

Sobre o pano de fundo dos debates recentes acerca de um “novo individualismo”, este artigo procede a uma reconstrução sistemática de três oposições homólogas apresentadas na obra de Simmel: uma, mais notória, entre individualismo quantitativo e qualitativo; outra, central para o projeto da Sociologia de 1908, entre aspectos sociais e extrassociais do indivíduo; e aquela, articulada em seus escritos tardios, entre  individualismo românico e germânico. Esses dualismos ganham um novo sentido quando encarados do ponto de vista de um conflito entre duas tendências: uma, individualista, na direção do estabelecimento de fronteiras nítidas entre o eu e o mundo e da consideração de cada ser humano como uma entidade autocentrada; outra, in-dividualista, no sentido da promoção de experiências de permeabilidade do eu em
relação ao mundo e constituição de uma vida qualitativamente comum. Isso tem consequências importantes para uma reavaliação do diagnóstico simmeliano da cultura moderna. Se é verdade que em seus escritos a modernidade é com frequência descrita como uma época marcada pela acentuação de certos tipos de in-dividualidade, a interpretação aqui proposta permite ressaltar, por outro lado, como diferentes figuras da in-dividualidade emergiram historicamente em conexão com – e em reação a – esse processo. Reconstruídos
dessa perspectiva, os argumentos de Simmel fornecem subsídios para uma reconsideração das análises sociológicas a respeito da institucionalização, nas últimas décadas, de um “novo individualismo” cujas origens remontariam à tradição romântica e ao modernismo estético. Eles permitem identificar em tais correntes não apenas uma acentuação da singularidade autossuficiente do indivíduo, mas também – sob a forma de um potencial restringido – o horizonte de uma vida comum.

Palavras-chave: novo individualismo. Singularidade. Vida comum. Formas de sociação. Modernidade.

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Biographie de l'auteur-e

Arthur Bueno, Centro Max Weber da Universidade de Erfurt

Professor e pesquisador assistente (wissenschaftlicher Mitarbeiter) no Departamento de Filosofia da Universidade de Frankfurt (2019-) e pesquisador associado no Centro Max Weber da Universidade de Erfurt (2019-). Professor visitante no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (2018-). Realizou pós-doutorado (Alexander von Humboldt/Capes) em Sociologia e Filosofia Social no Centro Max Weber de Estudos Sociais e Culturais Avançados da Universidade de Erfurt, Alemanha (2016-18), e na Universidade Paris Nanterre, França (2017-18). Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (2014), com estágio-sanduíche na Universidade Johann Wolfgang Goethe de Frankfurt am Main (2012-13). Possui mestrado em Sociologia (2009) e graduação em Ciências Sociais (2005) pela Universidade de São Paulo. É organizador da coletânea O conflito da cultura moderna e outros escritos -- Georg Simmel (Senac, 2013). Foi professor de pós-graduação da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (2009-11), colaborador de graduação na Universidade de São Paulo (2009) e professor de curso de extensão na Universidade Federal de São Carlos (2009).

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Publié-e

01-05-2019

Comment citer

BUENO, A. DO SINGULAR AO COMUM? Simmel e as tensões da individualidade moderna. Revista Inter-Legere, [S. l.], v. 2, n. 24, p. 81–117, 2019. DOI: 10.21680/1982-1662.2019v2n24ID17025. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/interlegere/article/view/17025. Acesso em: 20 déc. 2024.

Numéro

Rubrique

DOSSIÊ TEORIA SOCIAL: OS CLÁSSICOS NOS CONTEMPORÂNEOS