O olhar, a interpretação e o direito
Résumé
O presente artigo trata de explorar, sob uma perspectiva antropológica, o
olhar que paira sobre a vida e, em consequência, debruça-se sobre o direito. O
desafio é pensar a interpretação do direito sem tomar como ponto de partida as
positividades normativas, desconstruindo a falsa percepção de que o direito
tem um sentido próprio. O direito está na e para a vida, de sorte que não
haverá o intérprete de encontrar o sentido do direito senão o sentido da vida na
qual está contido o direito. Perceber a abertura da vida para o direito demanda
arreganhar a polissemia do direito como meio a serviço da emancipação
humana. Essa tarefa, embora árdua, demanda que o direito seja o direito de
todos os homens, isto é, seja um direito universal, capaz de cultivar o diálogo
com a realidade e promover a interseção entre as necessidades da vida e a
norma pela mediação do sentimento de justiça. O texto a seguir busca religar o
direito à universalidade da condição humana por meio da arte, com destaque
para o cinema que se apresenta com o filme “janela da alma”, para a fotografia
na ótica de Susan Sontag e para a literatura na versão das fábulas gregas.