Violino com "sprezzatura": considerações e evidências históricas sobre a arte de tocar o violino entre c. 1550 e c. 1750

Autores

DOI:

https://doi.org/10.36025/arj.v10i1.31820

Palavras-chave:

Castiglione, sprezzatura, violino, violino no peito, século XVII

Resumo

Este artigo pode ser entendido como um ensaio sobre a arte de tocar o violino entre c. 1550 e c. 1750, relacionando-a à noção de sprezzatura de Baldassare Castiglione (1478-1529). A partir de fontes musicográficas e iconográficas europeias como tratados, manuais, relatos e pinturas, investigamos as maneiras de se tocar o violino com ênfase nas posturas adotadas pelos músicos do período. Após uma classificação destas maneiras e uma consequente definição da ideia de posturas subclaviculares ao violino, buscamos uma aproximação aos seus ideais, racionalidades e aspectos práticos. Conclui-se que há um processo histórico de elevação da postura do violino, começando no braço no século XVI, passando pelo peito no século XVII e terminando no pescoço no século XVIII. Entre essas maneiras, aquela eleita pelo meio musical à época como a mais elegante e com sprezzatura – portanto, mais elogiada e difundida – era a postura do violino no peito.

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Biografia do Autor

Luiz Henrique Fiaminghi, Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)

Luiz Henrique Fiammenghi, nome artístico Luiz Fiaminghi, é professor associado no Departamento de Música da Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC. Doutor em Música pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Atua nas áreas de Percepção Musical, Musicologia/Etnomusicologia, Práticas Interpretativas e é credenciado no Programa de Pós-Graduação em Música desta universidade. É membro do grupo de pesquisa MUSICS e coordenador do grupo A Vez e a Voz da Rabeca. Como diretor musical do grupo Anima, recebeu os prêmios APCA (1998), Carlos Gomes (2000), gravou 8 CDs, 1 DVD, programas de rádio e televisão e apresentou concertos no Brasil e no exterior. Como bolsista do CNPq, especializou-se em violino barroco na Holanda, atuando em vários grupos musicais e orquestras barrocas.

Vinícius Chiaroni, Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)

Vinícius Rosa dos Santos Chiaroni é natural de São Paulo, SP, é especialista em flauta doce e oboé barroco pela Escola de Música do Estado de São Paulo – EMESP, bacharel em Instrumento Antigo pela Universidade Estadual Paulista – UNESP, e mestre em Música pela Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC. Circulando entre a pesquisa e a interpretação da música histórica, é integrante de diversos conjuntos de Música Antiga do país, com destaque para a Orquestra Barroca da EMESP, a Sociedade Bach Brasil (RS) e o Capelle 1641 (SC). Ressaltam-se em sua trajetória participações em diversos encontros e festivais, como o Festival de Música de Juiz de Fora (MG), a Oficina de Música de Curitiba (PR), o Encontro Internacional de Música Antiga (SP), o Encontro de Música Antiga de Stuttgart (Alemanha), o Open Blokfluitdagen Amsterdam (Holanda), o Encontro de Música Antiga de Loulé (Portugal) e o Woodend Winter Arts Festival (Austrália). Atualmente, realiza doutorado em música pela UDESC, onde desenvolve pesquisa acerca da música instrumental no Sacro Império Romano-Germânico no século XVII.

Alexandre Nanni, Pesquisador independente

Alexandre Schmidt Nanni é natural de Porto Alegre (RS), é graduando em licenciatura musical, membro fundador do extinto Capella Strumentale (RS) e atual vice-presidente da Sociedade Bach Brasil (RS). Como fundador, curador musical e violinista, é desenvolvedor do projeto “Capelle 1641: Interpretação, Musicologia e Luteria” em São Pedro de Alcântara (SC), em parceria com a Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC, a Universidade de São Paulo – USP, a Escola de Música do Estado de São Paulo – EMESP, a Escola Municipal de Música de São Paulo – EMM/SP, o Conservatório Dramático e Musical de Tatuí (SP) e a Sociedade Bach Brasil (RS). Como pesquisador independente, vem atuando efetivamente no fomento à pesquisa sobre música e luteria no século XVII; e tem como principais temas de investigação a performance nos violinos seiscentistas e o papel do compositor-intérprete germânico daquela época.

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Publicado

17-05-2023

Como Citar

FIAMINGHI, L. H.; CHIARONI, V. R. dos S.; NANNI, A. S. Violino com "sprezzatura": considerações e evidências históricas sobre a arte de tocar o violino entre c. 1550 e c. 1750. ARJ – Art Research Journal: Revista de Pesquisa em Artes, [S. l.], v. 10, n. 1, 2023. DOI: 10.36025/arj.v10i1.31820. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/artresearchjournal/article/view/31820. Acesso em: 21 dez. 2024.

Edição

Seção

Dossiê: Teorias, Poéticas e Práticas da Música Antiga