Monstros que assustam, atraem e fascinam

um mapa das linhas de constituição das infâncias queer

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21680/1981-1802.2021v59n62ID26882

Palavras-chave:

Infâncias queer, Gênero, Sexualidade, Educação.

Resumo

Como vivem as crianças queer? Que infâncias são essas que, habitando o “entre”, buscam escapar de toda e qualquer definição? O que marca essas infâncias? Que modos de vida estão produzindo? Este artigo faz um mapa dos rastros de infâncias que chamamos aqui de monstruosas e desenvolve o argumento de que há, na contemporaneidade, a insurgência de infâncias queer, desidentificadas dos atributos universais de gênero instituídos historicamente sobre os infantis. Mostramos neste artigo que essas infâncias são atravessadas e constituídas pelas linhas da precariedade, da estética e da política, que se movimentam para produzir, por um lado, a normalização, o controle, a disciplina, a diferenciação e, por outro lado, o escape, as resistências e a produção de modos de vida outros. Mostramos, por fim, que essas infâncias, investigadas na pesquisa que subsidia este artigo, são obrigadas a conviver com a dor, a tristeza e a exclusão desde muito cedo, mas também povoam a vida de possibilidades múltiplas, cambiantes e alegres.

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Biografia do Autor

João Paulo de Lorena Silva, Universidade Federal de Minas Gerais

Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Educação: Conhecimento e Inclusão Social da Universidade Federal de Minas Gerais. É pesquisador no Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Currículos e Culturas.

Marlucy Alves Paraíso , Universidade Federal de Minas Gerais

Prof.ª Dr.ª da Universidade Federal de Minas Gerais e do Programa de Pós-Graduação em Educação. É Coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Currículos e Culturas (Pesquisadora Produtividade em Pesquisa do CNPq, Nível 1B).

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Publicado

27-12-2021

Como Citar

Silva, J. P. de L., & Alves Paraíso , M. (2021). Monstros que assustam, atraem e fascinam: um mapa das linhas de constituição das infâncias queer. Revista Educação Em Questão, 59(62). https://doi.org/10.21680/1981-1802.2021v59n62ID26882

Edição

Seção

Artigos