Da consciência estética
Abstract
É consabido que Platão expulsou, de sua república ideal os poetas - os muthopoietés (fazedores de mitos) - que com sua pretensão à verdade e à exemplaridade, prejudicam a realeza filosófica. Segundo o discípulo de Aristóteles, portanto, o inimigo maior da educação não é outro senão aquele que repousa sobre a exemplaridade dos mitos, baseados na mimese, má porque dá ordem da aparência e não do verdadeiro; além disso, os mitos não dizem a verdade sobre os deuses, são mentiras - ficções - tanto mais sedutoras porque se comprazem na violência e na sexualidade, que atentam contra a dignidade do divino. À luz da doutrina platônica, ocorre uma radical dicotomia entre os mitos (e sua expressão: os poemas mitológicos, ou fábulas, como cunharão os romanos) e o discurso filosófico (a veracidade), o logos. Com essa brutal decisão (cisão), o filósofo de “A república” exclui definitivamente, do campo do saber autêntico e do caminho que a esse conduz, a literatura.
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