CORPOS DIGITAIS E MELANCÓLICOS EM "ELA", DE SPIKE JONZE
Resumen
Um futuro distópico em que a fronteira entre cérebro humano e máquina se dissipa é um dos temas recorrentes da ficção científica cinematográfica, desde seus primórdios. Em filmes como Metrópolis (Fritz Lang, 1927), a máquina é um duplo perverso, criado à imagem da heroína Maria, que desencadeia a revolução entre os dois patamares da cidade futurista, alto e baixo, que também demarcam classes sociais distintas. A priori, teme-se que a inteligência artificial exerça supremacia, usurpando o protagonismo social dos humanos. A partir de 2001, uma odisséia no espaço (Stanley Kubrick, 1968), no entanto, as máquinas pensantes, nos filmes, revelam-se menos ameaçadoras e mais uma metáfora vívida da consciência mecânica das civilizações industrializadas. Para pesquisadores como Harvey (1996), encarnam o pânico de uma sociedade pós-moderna, diante da sujeição às exigências do trabalho e do consumo.