A produção da subjetividade enquanto relação consigo: uma leitura de Foucault
Résumé
Este trabalho pretende discutir a questão da produção da subjetividade tal
como é abordada na investigação do último Foucault (eixo si), especificamente
nas leituras do Resumo dos Cursos do Collège de France: Subjetividade e
verdade (1980-1981) e Hermenêutica do sujeito (1981-1982). Para os
propósitos deste trabalho, é importante destacar que na História da
sexualidade 2 e 3 e nos últimos cursos do Collège de France, Foucault volta-se
para o estudo das práticas de si. Nessa trajetória do pensamento foucaultiano,
o indivíduo detém a capacidade de constituir para si certa existência aspirada
(Foucault denomina este processo ascese ou tecnologias de si). Trata-se de
um exercício de si sobre si, no qual o sujeito pode transformar-se. Nesses
textos Foucault aponta para a constituição de uma relação “não normatizada
consigo”, como alternativa diante do poder disciplinar e o do biopoder. Nesses
termos, o indivíduo passa a ter a capacidade de aplicar poder sobre si, criar
uma nova relação consigo. Diante de tudo, é importante atermos a um aspecto
que nos parece fundamental, o qual se pretende discutir neste trabalho: a
concepção de subjetividade que se desenvolve com o terceiro eixo, ou seja,
uma concepção de subjetividade sob a forma de uma relação consigo (rapport
à soi).