Nem neurose, nem ilusão: a linguagem do amor e a sua oposição ao conhecimento científico
Résumé
O artigo em questão resulta de uma leitura de Rubem Alves (1999) e Bruno Latour
(2004) acerca do discurso religioso. A partir de tais leituras, buscamos analisar como
se compreendeu o discurso religioso, nas visões de Marx, enquanto ilusão, e de
Freud, enquanto neurose. A religião, conforme Alves, no contexto de transformações
da sociedade moderna, foi sentenciada à morte. Tal sentença baseou-se numa
determinada atitude científica supostamente formulada sob uma filosofia herdeira do
Iluminismo, a qual pretendia eliminar da sociedade qualquer vestígio de
obscurantismo, que seria representado pela consciência falaciosa e ilusória da
religião. O pensamento científico, objetivo, haveria de suplantar o discurso religioso
definido pelo Marxismo e pela Psicanálise como falsa consciência, como patologia,
como enfermidade. Discutimos aqui a necessidade de repensar tais postulados a
partir da constatação de que vivemos um retorno ao misticismo, à busca por
experiências mágicas, o que tem revelado que a religião, como já disse o clássico
Émile Durkheim, é algo de permanente nas sociedades.
Palavras-chave: Religião; Atitude científica; Alienação.