Jogos na Educação matemática e a constituição de sujeitos-alunos na sociedade neoliberal
DOI:
https://doi.org/10.21680/1981-1802.2024v62n73ID36272Palavras-chave:
Educação, Jogos, Matemática, NeoliberalismoResumo
O presente artigo tem por objetivo evidenciar enunciados sobre o uso de jogos na Educação matemática, tendo em vista a constituição de sujeitos-alunos na sociedade neoliberal. O referencial teórico e metodológico se encontra na análise do discurso, como discutido por Michel Foucault. Os materiais utilizados foram trabalhos científicos obtidos em um repositório digital e as duas pesquisas mais citadas nesses documentos, caracterizando-se como um estudo bibliográfico. Mediante uma abordagem qualitativa, mostra-se que o sujeito-aluno, tal como constituído mediante o discurso da Educação matemática atual, gosta de jogos porque são fontes de prazer e motivação – fatores que mitigam a inerente dificuldade da disciplina –, sem deixar de desenvolver a inteligência e o aspecto afetivo/emocional que compõem a cognição. Assim, fortalece-se a tese de que os jogos utilizados na Educação matemática têm funcionado como ferramentas para a constituição de sujeitos alinhados às premissas neoliberais e imersos nas suas demandas.
Downloads
Referências
ANDRÉ, Marli. O que é um estudo de caso qualitativo em educação? Revista Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 22, n. 40, p. 95-103, 2013.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: matemática. Brasília: MEC/SEF, 1997.
BRASIL. Resolução nº 510, de 7 de abril de 2016. Brasília: Comissão Nacional de Saúde, 2016.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. Brasília: MEC, 2017.
CABANAS, Edgar; ILLOUZ, Eva. Happycracia: fabricando cidadãos felizes. Tradução Humberto do Amaral. São Paulo: Ubu, 2022.
CAILLOIS, Roger. Os jogos e os homens: a máscara e a vertigem. Tradução Maria Ferreira. Petrópolis: Vozes, 2017.
CSIKSZENTMIHALYI, Mihaly. Flow: a psicologia do alto desempenho e da felicidade. Tradução Cássio de Arantes Leite. Rio de Janeiro: Objetiva, 2020.
DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. Tradução Mariana Echalar. São Paulo: Boitempo, 2016.
DUARTE, Claudia Glavam. A “realidade” nas tramas discursivas da educação matemática escolar. 2009. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2009.
FARIAS, Elionora Ramos. A utilização de jogos por licenciandos em matemática como recurso pedagógico em aulas de matemática em um museu. 2018. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática) – Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2018.
FERREIRA JUNIOR, Herbert Hipólito. Escape matemático: jogo de conteúdos matemáticos, enigmas, charadas e truques de raciocínio lógico. 2019. Dissertação (Mestrado em Matemática em Rede Nacional) – Universidade Federal de São Paulo, São José dos Campos, 2019.
FISCHER, Rosa Maria Bueno. Trabalhar com Foucault: arqueologia de uma paixão. Belo Horizonte: Autêntica, 2012.
FOUCAULT, Michel. O sujeito e o poder. In: DREYFUS, Huber; RABINOW, Paul (org.). Michel Foucault. Tradução Vera Porto Carrero. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995.
FOUCAULT, Michel. Nascimento da biopolítica. Tradução Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. Tradução Luiz Felipe Baeta Neves. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2015.
FOUCAULT, Michel. Foucault. In: MOTTA, Manuel Barros da (org.). Ditos e escritos, ética, sexualidade, política. Tradução Elisa Monteiro e Inês Autran Dourado Barbosa. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2017 (v. V).
GASPARELLO, Anvimar Galvão. O jogo matemático na sala de aula: um olhar a partir da teoria histórico-cultural. 2018. Dissertação (Mestrado em Educação em Ciências e em Matemática) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2018.
GIONGO, Ieda Maria. Disciplinamento e resistência dos corpos e dos saberes: um estudo sobre a Educação Matemática da Escola Estadual Técnica Agrícola Guaporé. 2008. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2008.
GRANDO, Regina Célia. O jogo e suas possibilidades metodológicas no processo de ensino-aprendizagem de matemática. 1995. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1995.
GRANDO, Regina Célia. O conhecimento matemático e o uso de jogos na sala de aula. 2000. Tese (Doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2000.
HAN, Byung-Chul. Psicopolítica: o neoliberalismo e as novas técnicas de poder. 7. ed. Belo Horizonte: Âyiné, 2020.
HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura. Tradução João Paulo Monteiro. 9. ed. São Paulo: Perspectiva, 2019.
KENDALL, Gavin; WICKHAN, Gary. Using Foucault’s methods. London: SAGE, 1999.
KNIJNIK, Gelsa; WANDERER, Fernanda; GIONGO, Ieda Maria; DUARTE, Claudia Glavam. Etnomatemática em movimento. Belo Horizonte: Autêntica, 2012.
KNIJNIK, Gelsa; WANDERER, Fernanda. Da importância do uso de materiais concretos nas aulas de matemática: um estudo sobre os regimes de verdade sobre a educação matemática camponesa. In: ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 9., Belo Horizonte. Diálogos entre a pesquisa e a prática. Belo Horizonte: [s. n.], 2007.
LAVAL, Christian. A escola não é uma empresa: o neoliberalismo em ataque ao ensino público. Tradução de Mariana Echalar. São Paulo: Boitempo, 2019.
LINS, Isnara Mendes. O uso de jogos matemáticos na perspectiva da resolução e exploração de problemas no ensino médio. 2019. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Educação Matemática) – Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2019.
LIPOVETSKY, Gilles. A sociedade da sedução: democracia e narcisismo na hipermodernidade liberal. Tradução de Idalina Lopes. Barueru: Manole, 2020.
LONGO, Fernanda. Das formas de se dar aula: pandemia, metodologias ativas e matemática nos Anos Iniciais. In: WANDERER, Fernanda; MELO, Camila Alves de; ALFARO, Ana María Bermúdez (org.). Rastros do neoliberalismo no campo da Educação. São Paulo: Pimenta Cultural, 2023.
LUCCHESI, Ivana Lima. Avaliação do estado de interesse e do estado de fluxo por meio de jogos digitais educacionais no ensino da matemática. 2019. Tese (Doutorado em Informática na Educação) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2019.
MACHADO, Roberto. Introdução: por uma genealogia do poder. In: FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2015.
McGONIGAL, Jane. A realidade em jogo: por que os games nos tornam melhores e como eles podem mudar o mundo. Tradução Eduardo Rieche. Rio de Janeiro: BestSeller, 2012.
MEYER, Dagmar Estermann; PARAÍSO, Marlucy Alves (org.). Metodologias de pesquisas pós-críticas em educação. Belo Horizonte: Mazza, 2012.
PARAÍSO, Marlucy Alves. Metodologias de pesquisas pós-críticas em educação e currículo. In: MEYER, Dagmar Estermann; PARAÍSO, Marlucy Alves (org.). Metodologias de pesquisas pós-críticas em educação. Belo Horizonte: Mazza, 2012.
PAULO, Jessé Valério de. O uso de jogos nas aulas de matemática do Ensino Médio: o que dizem os professores de matemática. 2017. Dissertação (Mestrado em Educação para a Ciência) – Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2017.
PEREIRA, Arthur Zallio Alves. A matemática lúdica de Leon Battista Alberti: viabilizando caminhos para o ensino da matemática nos Anos Finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio. 2020. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2020.
PETRINI, Silvane Gema Mocellin. Nas tramas do empreendedorismo: a emergência de novos sujeitos na/da educação. 2022. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2022.
PICKERING, Michael. Research method for Cultural Studies. Edinburgh: Edinburgh University Press, 2008.
RIBEIRO, Disneylândia Maria; CASTRO, Janaina Luiza Moreira de; LUSTOSA, Francisca Geny. Brincadeira e desenvolvimento infantil nas teorias psicogenéticas de Wallon, Piaget e Vigotski. In: FÓRUM INTERNACIONAL DE PEDAGOGIA, 10., Pau dos Ferros. [Anais]. Pau dos Ferros: UERN, 2018.
RIZZO, Gilda. Jogos inteligentes: a construção do raciocínio na escola natural. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996.
SANTOS, Solange Mariano da Silva. Aprendizagem das funções polinomiais do 1º e 2º grau mediada pelo jogo “Trilha matemática criptografada”: uma abordagem sob a perspectiva vygotskyana. 2019. Dissertação (Mestrado em Ensino de Matemática) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Londrina, 2019.
SARTORI, Alice Stephanie Tapia. O lúdico na educação matemática escolar: efeitos na constituição do sujeito infantil contemporâneo. 2015. Dissertação (Mestrado em Educação Científica e Tecnológica) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2015.
SIENA, Mauro César de Souza. O uso de jogos digitais como ferramenta auxiliar no ensino da matemática e o protótipo do game Sinapsis. 2018. Dissertação (Mestrado em Matemática em Rede Nacional) – Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2018.
SILVA, Júlio Pereira da. Jogos e avaliação da aprendizagem em matemática: percepções docentes sobre o avaliar na Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental. 2017. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Educação Matemática) – Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2017.
VEIGA-NETO, Alfredo. Foucault & a educação. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2014.
VEIGA-NETO, Alfredo. A hipercrítica: mais uma volta no parafuso IV. Momento – Diálogos em Educação, Rio Grande, v. 29, n. 1, p. 16-35, 2020.
WANDERER, Fernanda; BOCASANTA, Daiane Martins. O uso dos jogos nas aulas de Matemática: problematizando verdades do discurso pedagógico contemporâneo. Educação e Filosofia, Uberlândia, v. 36, n. 77, p. 885-916, maio/ago. 2022.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Revista Educação em Questão
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
À Revista Educação em Questão ficam reservados os direitos autorais no tocante a todos os artigos nela publicados.
A Revista Educação em Questão reserva-se ao direito de não publicar artigos e resenhas de mesma autoria (ou em co-autoria) em intervalos inferiores há 1 (um) ano.
