A memória social como repositório do pluralismo linguístico-cultural no contexto brasileiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21680/1517-7874.2017v19n0ID12091

Palavras-chave:

Língua. Sistema. Cultura. Memória social. Português brasileiro

Resumo

Este artigo propõe um estudo sobre a língua, como sistema que agrega diferentes variedades, culturas e identidades. O objetivo geral discorrer sobre linguagem e memória social, relacionando-as ao contexto sócio histórico brasileiro. Especificamente, a pesquisa visa explicar a existência de culturas na língua enquanto instrumento de comunicação; evidenciar por meio de discussão teórica a participação dos elementos linguísticos e culturais na formação do ser social. É uma pesquisa bibliográfica que analisa e discute teorias com enfoque para os debates de Bagno (2014), Vannucch (2011), Bosi (1992), Hall (2011), Bagno (2014), Mateus (2001) entre outros. Da pesquisa se concluiu que o português do Brasil é resultado do acúmulo cultural, memorial e linguístico depositado ao longo dos anos. A construção da identidade do sujeito social a partir dos planos linguístico e cultural se constrói no cotidiano do uso da língua. A presença de várias culturas no Brasil originou a variedade do português brasileiro que não é uma outra língua, mas sim uma variedade da língua portuguesa como sistema. Em cada espaço lusófono a cultura foi moldando suas características, resultando na variação linguística intra e intergrupal. O multiculturalismo faz parte da formação, desenvolvimento ou conformação de uma língua no meio onde atua. Os falantes carregam a memória histórica e da identidade dos seus antepassados e esses traços são incorporados permanentemente na língua. A transmissão dos valores culturais, morais e éticos só são possíveis porque os responsáveis pela transmissão se valem do sistema linguístico de modo particularizado, expondo outros aspectos culturais remotos no tempo e no espaço.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Alexandre António Timbane, Universidade Federal de Goiás

Doutor em Linguística e Língua Portuguesa (2013) pela UNESP, Mestre em Linguística e Literatura moçambicana (2009) pela Universidade Eduardo Mondlane – Moçambique (UEM). É Licenciado e Bacharel em Ensino de Francês como Língua Estrangeira (2005) pela Universidade Pedagógica-Moçambique (UP). 

Ivonete da Silva Santos, Universidade Federal de Goiás

Mestranda em Estudos da Linguagem

Referências

AUROUX, S. Filosofia da linguagem. Trad. Marcos Marcionilo. São Paulo: Parábola, 2009.

BAGNO, M. Português ou brasileiro: um convite à pesquisa. São Paulo: Parábola, 2004.

BAGNO, M. O que é uma língua? imaginário, ciência e hipóstase. In: LAGARES, X. C.; BAGNO, M. (Org.). Políticas da norma e conflitos linguísticos. São Paulo: Parábola, editorial, 2011. p.355-388.

BAGNO, M. Língua, linguagem, linguística: pondo os pingos no ii. 1. ed. São Paulo: Parábola, 2014.

BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira/ Lucerna, 2009.

BOSI, A. Dialética da colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

CAMARA JR, J. M. Princípios da linguística geral. Rio de Janeiro: Padrão, 1989.

CASTILHO, A. T. de. Nova gramática do português brasileiro. São Paulo: Contexto, 2010.

COELHO, I. L. et al. Para conhecer sociolinguística. São Paulo: Contexto, 2015.

COSERIU, E. Teoria da linguagem e lingüística geral. Rio de Janeiro/ São Paulo, Presença/ EDUSP, 1979.

DIETRICH, W. Conservação e inovação no campo léxico do parentesco: o caso do Mbyá e do Guaraní paraguaio (Tupí-Guaraní). Revista Brasileira de Linguística Antropológica. Brasília, v.6, n. 1, p.195-216, jul.2014.

GORSKI, E. M.; COELHO, I. L.; SOUZA, C. M. N. de. (Org.). Variação estilística: reflexões teórico-metodológicas e propostas de análise. v.3. col. Florianópolis, Insular, 2014.

HALBWACHS, M. A memória coletiva. Trad. Beatriz Sidou. São Paulo: Centauro, 2006.

HALL, S. Pensando a diáspora: reflexões sobre a terra no exterior. In: ______. (Org.). Da diáspora: identidades e mediações culturais. Trad. Adelaine La Guardia Resende et al. 1. ed. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2003. p.25-50.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA DE MOÇAMBIQUE: Recenseamento geral da população e habitação. Maputo: INE, 2009.

LABOV, W. Padrões sociolinguísticos. Trad. Marcos Bagno, Maria Marta P. Scherre e Caroline R. Cardoso. São Paulo: Parábola editorial, 2008.

LARAIA, R. de B. Cultura um conceito antropológico. 13. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009.

LOPES, E. Fundamentos da linguística contemporânea. 2. ed. São Paulo: Cultrix, 1980.

MARTINET, A. Éléments de linguistique générale. Paris: Armand Colin, 1967.

MATEUS, M. H. M. Se a língua é um factor de identificação cultural, como se compreenda que uma língua viva em diferentes culturas? Rio de Janeiro: FLUL, 2001.

PAULA, M. H. de. Rastros de velhos falares: léxico e cultura no vernáculo catalano. Tese (Doutorado em Linguística e Língua Portuguesa), Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista, Araraquara, 2007.

SAPIR, E. A linguagem: introdução ao estudo da fala. Trad. Joaquim Mattoso Câmara. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1954.

SAUSSURE, F. Curso de linguística geral. Trad. Antônio Chelini, José Paulo Paes, Izidoro Blikstein. 27ed. São Paulo: Cultrix, 2006.

SOARES, M. Concepção de linguagem e o ensino de língua portuguesa. In: BASTOS, N.B. (Org.) Língua portuguesa: história, perspectiva e ensino. São Paulo: EDUC / IP-PUC/SP, 1998.

TEYSSIER, P. História da língua portuguesa. Trad. Celso Cunha. São Paulo: Martins Editora, 2014.

TIMBANE, A. A. Análise sociodiscursiva da “saudação” do grupo étnico-linguístico tsonga de Moçambique. Revista educação, cultura e sociedade. v.4, n.2, p.90-105, jul./dez.2014a.

TIMBANE, A. A. A lexicultura do português de Moçambique. Linguagem: estudos e pesquisas. Catalão, v.18, n.2, p.43-59, jul,/dez.2014b.

TIMBANE, A. A.; REZENDE, M. C. M. A língua como instrumento opressor e libertador no contexto lusófono: o caso do Brasil e de Moçambique. Travessias. Cascavel, v.10, n.3, 28.ed. p.388-408, 2016.

VANNUCCHI, A. Cultura brasileira: o que é, como se faz. 5.ed. São Paulo: Loyola, 2011.

VIARO, M. E.; BIZZOCCHI, A. L. Proposta de novos conceitos e uma nova notação na formulação de proposições e discussões etimológicas. Alfa, São Paulo, n.60, v.3, p.579-601, 2016.

Downloads

Publicado

30-08-2017

Como Citar

TIMBANE, A. A.; SANTOS, I. da S. A memória social como repositório do pluralismo linguístico-cultural no contexto brasileiro. Revista do GELNE, [S. l.], v. 19, p. 63–78, 2017. DOI: 10.21680/1517-7874.2017v19n0ID12091. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/gelne/article/view/12091. Acesso em: 16 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos