Pai abusador: incesto e pedofilia contra meninas em Gisèle Pineau, Nicole Cage-Florentiny e Cinthia Kriemler
DOI:
https://doi.org/10.21680/1517-7874.2024v26n1ID35410Resumo
Este artigo se inscreve em uma série de reflexões acadêmicas em torno de violências infligidas às mulheres em obras literárias das Antilhas francófonas contemporâneas, da qual se recomenda a leitura prévia para melhor compreensão metodológica da continuidade das reflexões empreendidas. A série se iniciou em 2023 com o ensaio “'Eu tinha pena de mim, de mainha, de vó': violência doméstica contra mulheres em Gisèle Pineau e Jarid Arraes”, no qual, em perspectiva comparada Guadalupe-Brasil, examinei romances nos quais a violência doméstica contra mulheres se propaga por diferentes gerações da família, unindo avós, mães e filhas em uma espiral de agressões físicas e psicológicas. Em 2024, no estudo intitulado “Marido, padrasto e abusador: violência sexual contra meninas em Simone Schwarz-Bart e Gisèle Pineau”, voltei minhas atenções para duas obras guadalupenses (de 1972 e de 2005) para observar as representações de abusos sexuais cometidos contra meninas (uma delas, bebê) por seus padrastos. Interessei-me pelas formas como o tema se delineou no arco temporal contemplado e como o companheiro materno se torna um algoz da enteada. Por sua vez, no presente artigo aprofundo o estudo sobre abuso sexual contra meninas, direcionando meu olhar para crimes de pedofilia cometidos pelos genitores contra as próprias filhas. Para tal, acolho obras dos três espaços de meu escopo de pesquisa acadêmico, o arquipélago de Guadalupe, a ilha da Martinica e o Brasil, a saber, respectivamente, L’Espérance-Macadam (1995), de Gisèle Pineau, C’est vole que je vole (1998) de Nicole Cage-Florentiny e Tudo que morde pede socorro (2019) de Cinthia Kriemler. Distanciados temporalmente por mais de duas décadas, os romances se situam no início da produção literária das intelectuais, revelando o notável interesse das autoras em perscrutar as violências contra menores infligidas no seio do lar e silenciadas pela família, muitas vezes com a cumplicidade da mãe das meninas abusadas.
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