Antonio Candido e o elogio da literatura
DOI:
https://doi.org/10.21680/1517-7874.2018v20n1ID15454Resumo
Tanto quanto Roland Barthes em O prazer do texto (1973) ou ainda em Aula (1977), Tzvetan Todorov em A literatura em perigo (2007) aparenta dedicar-se a uma espécie de recuo de seus vínculos e quiçá implicitamente apresentar um mea-culpa pelo papel preponderante que exerceu na implantação do estruturalismo na crítica literária – processo que causou uma tecnicização bastante funesta à fruição literária. Talvez mais que o sempre surpreendente e inquieto Barthes, Todorov pode ter causado com a publicação desse depoimento um saudável espanto em seus seguidores, ao alertar com irradiação retrospectiva que os andaimes para a construção de uma obra não podem substituí-la. Por outro lado, em palestra de 1988, no âmbito da discussão de direitos humanos, Antonio Candido não precisou passar pelos caminhos da presumida retratação ao falar sobre “O direito à literatura”. Talvez acuado pela ditadura militar e pela imposição do estruturalismo no meio acadêmico das letras, que comodamente livrava estudiosos aderentes da abordagem de conteúdos históricos da literatura, o crítico brasileiro brincou ironicamente com o estruturalismo em “Dialética da malandragem” (1970), apresentando um daqueles bonitos diagramas da escola, cheios de setinhas, justamente para reverter seus pressupostos e ensinar que a estrutura literária da forma é histórica. Assim, no auge do processo de redemocratização do país, na referida palestra Antonio Candido enfatizou com plena autoridade a importância da literatura como instrumento de humanização imprescindível.
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