A variação na forma das orações relativas no contexto da polarização sociolinguística do Brasil
DOI:
https://doi.org/10.21680/1517-7874.2024v26n1ID35103Resumo
As orações relativas com antecedente introduzidas por uma palavra interrogativa (com exceção do onde) ou por um pronome relativo regido por uma preposição são construções que já não fazem parte da gramática natural dos brasileiros de todos os estratos sociais. É plausível que isso resulte de um processo de simplificação morfológica desencadeado pelo massivo contato entre línguas que marca a formação da sociedade brasileira, embora esse tipo de mudança tenda a se concentrar apenas nas classe sociais mais baixas, o que é determinante para a configuração atual da polarização sociolinguística do Brasil. Diante disso, os resultados das análises sociolinguísticas da variação na forma das orações relativas no acervo do Projeto da Norma Urbana Culta do Rio de Janeiro (NURC-RJ), de um lado, e, do outro lado, em uma amostra de fala vernácula do português popular do interior do Estado da Bahia, são cotejados, para verificar empiricamente as predições do algoritmo da polarização sociolinguística do Brasil. Os resultados das análises quantitativas, com o enquadramento da Sociolinguística Laboviana, revelaram que, no que concerne à variação na forma das orações relativas, a fala da elite letrada e a linguagem popular diferem em todos os três parâmetros previstos pelo algoritmo da polarização: a diferença na frequência de uso das variantes linguísticas, a avaliação subjetiva dessas variantes e tendências de mudança em curso em cada um dos dois grupos sociais. Com isso, constata-se que, mesmo naquelas mudanças induzidas pelo contato que se difundiram por todos os estratos da sociedade brasileira, o quadro de polarização sociolinguística se mantém.
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