O recurso prosódico pausa utilizado na fala de políticos brasileiros

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DOI:

https://doi.org/10.21680/1517-7874.2025v27n2ID39940

Resumo

As pausas desempenham um papel fundamental na fala, facilitando a compreensão da mensagem, além de contribuir para a argumentação e persuasão. Objetivo: Avaliar o uso do recurso prosódico pausa na fala de políticos brasileiros, comparando no início da carreira com o momento atual. Materiais e métodos: A coleta de dados foi realizada por meio da seleção de vídeos disponíveis gratuitamente na internet. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa, sob o parecer nº 6.152.685. Foram analisadas amostras de propagandas eleitorais de quatro políticos, com comparações entre o início de suas carreiras e o presente. A análise incluiu a transcrição literal das falas, a avaliação perceptiva auditiva das pausas e a análise acústica, utilizando o programa Praat. As pausas foram classificadas de acordo com a duração em breves, médias e longas; e na análise perceptiva auditiva, como adequadas ou inadequadas (excessivas, ausentes e não coincidentes com a pontuação gráfica. Para manter a confidencialidade, os políticos foram identificados como A, B, C e D. Resultados: No que diz respeito à classificação de duração, os políticos A e C utilizavam pausas médias, longas e muito longas no início de suas carreiras, mas atualmente limitam-se a pausas médias e longas. O político D manteve o uso de pausas médias e longas tanto em 2002 quanto em 2022. Já o político B utilizou pausas médias, antes e depois. Embora os políticos D e B tenham mantido a mesma classificação de pausas, houve uma redução no tempo total das pausas. Todos os políticos analisados, em 1989, apresentavam pausas excessivas, médias, longas e muito longas. Em 2022, os políticos A, C e D aumentaram o uso de pausas médias e diminuíram o uso de pausas longas, enquanto o político B passou a utilizar pausas médias com menor duração. De modo geral, observou-se uma redução no tempo total das pausas entre os quatro políticos analisados. Na análise perceptiva auditiva, os quatros políticos utilizaram pausas inadequadas. A e C usavam pausas excessivas e longas; D utilizava pausas inadequadas e excessivas, enquanto o político B apresentava pausas ausentes. Em 2022, os políticos A, C e D continuaram a usar pausas excessivas, porém de durações mais breves. Já o político B passou a utilizar pausas adequadas ao conteúdo falado. A redução na duração e na quantidade de pausas sugere uma aproximação do discurso político com a coloquialidade. No entanto, ao comparar os políticos com outros profissionais da voz, como telejornalistas, observou-se que os políticos ainda utilizam pausas excessivas, médias e longas, o que pode ser uma característica da fala do político brasileiro. Os políticos analisados neste estudo caracterizam-se pelo uso de pausas excessivas, médias e longas. As mudanças observadas no uso das pausas ao longo do tempo sugerem uma evolução para um discurso político mais espontâneo, natural e expressivo. Atualmente, os políticos falam de forma mais fluida, sem aparentar a leitura de um teleprompter, o que potencializa a confiança e a proximidade com os eleitores.

 

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Biografia do Autor

Gabriela Silveira Sóstenes, Uncisal

Fonoaudióloga. Especialista em Voz pelo CFFa. Mestre e Doutora em Linguística pela UFAL. Professora Adjunta do Curso de Fonoaudiologia da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas - UNCISAL.

Anny Gabryele dos Santos Inocêncio, Uncisal

Fonoaudióloga pela Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas - UNCISAL. Pós-graduanda em Linguagem no âmbito clínico e educacional pelo IDE. Possui certificação internacional no Método PODD (Pragmatic Organisation Dynamic Display).

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Publicado

03-12-2025

Como Citar

SÓSTENES, Gabriela Silveira; INOCÊNCIO, Anny Gabryele dos Santos. O recurso prosódico pausa utilizado na fala de políticos brasileiros. Revista do GELNE, [S. l.], v. 27, n. 2, p. e39940 , 2025. DOI: 10.21680/1517-7874.2025v27n2ID39940. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/gelne/article/view/39940. Acesso em: 5 dez. 2025.

Edição

Seção

Artigos