Reforma administrativa do governo Bolsonaro: para além do patrimonialismo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21680/1982-1662.2022v5n34ID27344

Resumo

Este artigo analisa a reforma administrativa proposta pelo governo Bolsonaro sob o prisma do patrimonialismo. Com o intuito de compreender os objetivos e motivações da proposta de emenda à Constituição, em especial o pensamento político que a fundamenta, abordaremos os aspectos do texto da reforma administrativa que permeiam o patrimonialismo, mas também os que ultrapassam as definições do próprio patrimonialismo. Para tanto, será realizada uma revisão de literatura com relação ao patrimonialismo na ciência política brasileira, uma breve contextualização da reforma administrativa do governo Bolsonaro, bem como uma análise do texto da proposta de emenda à Constituição, levantando os principais pontos que possibilitam uma apropriação de bens e serviços públicos pelo privado. Nos resultados dessas análises, destacamos que a reforma administrativa foi pensada para atender aos interesses do mercado, e não da administração pública em si; constatamos que existem mecanismos presentes na reforma que reforçam e ampliam o modelo patrimonialista na administração pública.

Palavras-chave: Reforma administrativa. Governo Bolsonaro. Patrimonialismo. Administração pública.

 

 

Referências

AVRITZER, Leonardo. Política e antipolítica nos dois anos de governo Bolsonaro. In: AVRITZER, Leonardo; KERCHE, Fábio; MARONA, Marjorie (orgs.). Governo Bolsonaro: retrocesso democrático e degradação política. 1ª ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2021.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/cciv il_03/constituicao/constituicao.htm> Acesso em: 10/10/2021.

BRASIL. Presidência da República. Proposta de Emenda à Constituição nº 32, de 2020 [PEC nº 32/2020]. Altera disposições sobre servidores, empregados públicos e organização administrativa. Brasília, DF: Presidência da República, 2020. Disponível em: <https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1928147> Acesso em: 10/10/2021.

CERQUERA, Bráulio Santiago; CARDOSO JR. José Celso. Estado de bem-estar e funcionalismo público na linha de tiro do neoliberalismo: a reforma administrativa de Bolsonaro e suas falácias. In: CASTRO, Jorge Abrahão de; POCHMANN, Marcio (orgs.). Brasil: Estado de bem-estar social?: limites, possibilidades e desafios. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2020.

CORDÃO, Michelly P. de S. O jogo político da democracia: lutas simbólicas na “redemocratização” brasileira (1984-1985)/ Michelly Pereira de Souza Cordão. – Campina Grande, 2015. Tese de doutorado.

COUTO, Elvis Paulo. As Raízes do Patrimonialismo de Estado no Brasil. Revista Habitus: Revista da Graduação em Ciências Sociais do IFCS/UFRJ, Rio de Janeiro, v. 14, n. 1, p. 100-112, 10 de nov. 2016.

DWECK, Esther. A agenda neoliberal em marcha forçada. In: AVRITZER, Leonardo; KERCHE, Fábio; MARONA, Marjorie (orgs.). Governo Bolsonaro: retrocesso democrático e degradação política. 1ª ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2021.

FAORO, Raymundo. 1994. Existe um pensamento político brasileiro. In: Existe um pensamento político brasileiro? São Paulo: Editora Ática. pp. 09-55

FAORO, Raymundo. Os donos do Poder: A formação do patronato político brasileiro. 3ª ed. São Paulo: Editora Globo, 2001.

MINAYO, M. Pesquisa Social: Teoria, método e criatividade/Suely Ferreira Deslandes, Romeu Gomes, Maria Cecília Minayo (org). 28. Ed. – Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes: 2009.

HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 27ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.

MUSSE, Ricardo. Governo Bolsonaro: a calamidade triunfal. In: AVRITZER, Leonardo; KERCHE, Fábio; MARONA, Marjorie (orgs.). Governo Bolsonaro: retrocesso democrático e degradação política. 1ª ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2021.

OREIRO, José Luis da Costa; FERREIRA-FILHO, Helder Lara. A Pec 32 da reforma administrativa: Reformar o serviço público para acabar com o Estado de bem-estar social e implantar o Estado neo-liberal. Outubro de 2020. Disponível em: <https://www.researchgate.ne t/profile/Joseluis-Oreiro/publication/348629603_A_PEC_32_DA_REFORMA_ADMINISTRAT IVA_Reformar_o_Servico_Publico_para_Acabar_com_o_Estado_do_Bem-Estar_Social_e_Impl antar_o_Estado_Neo-_Liberal/links/600830a645851553a058a50b/A-PEC-32-DA-REFORMA-A DMINISTRATIVA-Reformar-o-Servico-Publico-para-Acabar-com-o-Estado-do-Bem-Estar-Soci al-e-Implantar-o-Estado-Neo-Liberal.pdf> Acesso em: 15/10/2021.

SETTI, Gabriel. Do patrimonialismo ao gerencialismo: características, avanços e retrocessos da administração pública brasileira. VII Congreso Latinoamericano de Ciencia Política. Bogotá, 25 al 27 de septiembre de 2013.

SOUZA, Jessé. A elite do atraso. Rio de Janeiro: Estação Brasil, 2019.

SOUZA, Jessé. A ralé brasileira: quem é e como vive. 3ª edição ampliada e com nova introdução. São Paulo: Editora Contracorrente, 2020.

VALE, Mutilo Melo; DELPINO, Pedro Henrique Colombini. A pretensão da reforma econômica na reforma administrativa. Revista Consultor jurídico, 29 de dezembro de 2020. Acesso em: <https://www.conjur.com.br/2020-dez-29/opiniao-reforma-economica-reforma-administrativa#: ~:text=%22%C3%89%20vedado%20ao%20Estado%20instituir,hip%C3%B3teses%20expressa mente%20pre vistas%20nesta%20Constitui%C3%A7%C3%A3o%22.> Acesso em: 15/10/2021.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Esaú Castro de Albuquerque Melo, UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (UERN)

Bacharel em Direito pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN, Mestre em Administração Pública pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido - UFERSA, servidor público ocupante do cargo de Assistente em Administração da Universidade Federal Rural do Semi-Árido - UFERSA, além de Advogado regularmente inscrito na OAB/RN. Atualmente, é estudante do bacharelado em Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN.

Terezinha Cabral de Albuquerque Neta Barros, UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (UERN)

Professora efetiva da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, lotada no departamento Ciências Sociais e Política. Doutora pela Universidade Federal de Pernambuco no Programa de Pós-Graduação em Ciência Política.Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Possui bacharelado em Ciências Sociais(2007) optando pela Sociologia e Ciências Políticas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Esta vinculada ao projeto Observatório das Metrópoles.Tem experiência na área de Desenvolvimento Regional, com ênfase em Estado e Políticas Públicas, atuando principalmente no seguinte tema: Gestão Pública, Políticas Públicas, Métodos Quantitativos,Participação e Cultura Política

Cyntia Carolina Beserra Brasileiro, UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (UERN)

Professora do curso de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN. Doutora em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Campina Grande (2017). Mestre em Ciências Sociais (2012) pela mesma instituição vinculada à linha de pesquisa Cultura e Identidades. Licenciada (2011) e Bacharel (2009) em Ciências Sociais com área de concentração em Antropologia e ênfase nos estudos de Antropologia da Política e Comportamento Eleitoral. Foi bolsista do Programa de Educação Tutorial em Antropologia (PET - Antropologia) e bolsista CAPES. Tem interesse nas área de Comportamento Eleitoral, Eleições, Gênero, Mídia e Política.

Downloads

Publicado

15-08-2022

Como Citar

CASTRO DE ALBUQUERQUE MELO, E.; CABRAL DE ALBUQUERQUE NETA BARROS, T.; BESERRA BRASILEIRO, C. C. Reforma administrativa do governo Bolsonaro: para além do patrimonialismo. Revista Inter-Legere, [S. l.], v. 5, n. 34, p. c27344, 2022. DOI: 10.21680/1982-1662.2022v5n34ID27344. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/interlegere/article/view/27344. Acesso em: 20 dez. 2024.

Edição

Seção

ARTIGOS