As figuras do diabo no discurso pedagógico

Autores

  • Bernard Charlot Professor Emérito da Universidade de Paris 8 Professor Visitante da Universidade Federal de Sergipe

DOI:

https://doi.org/10.21680/1981-1802.2018v56n48ID15171

Palavras-chave:

Diabo, Educação, Discurso pedagógico

Resumo

O discurso pedagógico não pode deixar de dizer o que é o Bem, visto que a vida é uma negociação permanente entre desejo e norma. Mas sempre existe uma defasagem entre o projeto e seus resultados e neste espaço nasce a suspeita de uma intervenção do Mal. Trata-se de um Mal radical, do diabo como tentador, sedutor e rebelde. O artigo analisa figuras sucessivas do diabo ao longo da história da pedagogia. Na pedagogia "tradicional" cristã, a criança, corrupta por natureza, é assediada pelo diabo. A República laiciza o diabo: a Razão deve vencer a selvageria natural da criança. A seguir, vem a figura da criança angélica da pedagogia "nova" – que não resolve a questão da relação entre desejo e norma. Hoje, a sociologia da reprodução dá figura social ao diabo, o discurso pedagógico some em proveito do "mercado livre" e da avaliação, mas o diabo volta como loucura burocrática, violência escolar, discursos de ódio contra o "gênero" e a reflexão sociopolítica.

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Biografia do Autor

Bernard Charlot, Professor Emérito da Universidade de Paris 8 Professor Visitante da Universidade Federal de Sergipe

Marta Maria de Araújo, Coordenadora do Grupo de Pesquisa | Estudos Histórico Educacionais, Editora responsável pela Revista Educação em Questão

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Publicado

17-07-2018

Como Citar

Charlot, B. (2018). As figuras do diabo no discurso pedagógico. Revista Educação Em Questão, 56(48). https://doi.org/10.21680/1981-1802.2018v56n48ID15171

Edição

Seção

Artigos