Sobre o costume, as tradições inventadas e a escolarização das mulheres no Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21680/1981-1802.2022v60n65ID30305

Palavras-chave:

História da educação. História das mulheres. Legislações. Tradições.

Resumo

 

Este trabalho tem por objetivo discutir os fundamentos e a forma como foi institucionalizado, na escola brasileira, o costume da divisão dos gêneros baseada no sexo biológico e na divisão de papeis. Metodologicamente baseado na pesquisa bibliográfica e documental, evidencia-se distintos registros a partir de leis e decretos esparsos nos últimos 200 anos que explicam as tradições inventadas dentro da escola que impõem à mulher elementos de pertença a um gênero. Teoricamente parte-se do binômio costume-tradição de Hobsbawm (2018) para desvendar as temporalidades dessa tradição. Em termos conclusivos, aponta-se os elementos que se constituíram forças preponderantes para as tradições inventadas pela e dentro da escola e que desembocaram numa educação em que as mulheres devem ser moldadas e preparadas sob a égide da superioridade masculina.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Raylane Andreza Dias Navarro Barreto, Universidade Federal de Pernambuco

É Prof.ª Dr.ª da Universidade Federal de Pernambuco e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia. É integrante integrante do Grupo de estudos e pesquisa em formação humana, representações e identidades (Gepifhri) e do Grupo de Pesquisa Educação de Mulheres nos Séculos XIX e XX.

Alberto Inácio da Silva, Universidade de Paris-Sorbonne IV

É prof. Dr. da Universidade de Paris-Sorbonne IV e da Pós-Graduação de Estudos Ibéricos e Latino-Americanos. É integrante do Centre de Recherches Interdisciplinairessur les Mondes Ibériques Contemporains.

 

Referências

BARRETO, Raylane Andreza Dias Navarro. Tobias Barreto e a educação: ideias de um moderno no Império brasileiro. In: CARVALHO, Marcos Vinicius Corrêa; LAGES, Rita Cristina Lima; GASPAR, Vera Lúcia (org.). Moderno, modernidade e modernização: a educação nos projetos de Brasil – séculos XIX e XX. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2016.

BARRETO, Raylane Andreza Dias Navarro; MORAIS, Tayanne Adrian Santana. Como se formar médica no século XIX: o caso da pernambucana Maria Amélia Cavalcanti de Albuquerque. Revista Brasileira de História da Educação, Maringá, v. 21, n. 1, p. 2-26, 2021.

BARRETO, Raylane Andreza Dias Navarro. A propósito dos fundamentos doutrinários da formação sacerdotal nos tempos modernos. Revista Educação em Questão, Natal, v. 35, n. 21, p.182-209, maio/ago. 2009.

BOMENY, Helena. Reformas educacionais. In: ABREU. Alzira Alves de (org.). Dicionário histórico-biográfico da Primeira República (1889-1930). Rio de Janeiro: Editora CPDOC, 2015. Disponível em: https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/ primeirarepublica/REFORMAS%20EDUCACIONAIS%20.pdf. Acesso em: 10 maio 2022.

BOURDIEU, Pierre; PASSERON, Jean-Claude. A reprodução. 3. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 2012.

BRASIL. Decreto n° 981, de 8 de novembro de 1890. Approva o Regulamento da Instrucção Primaria e Secundaria do Districto Federal. Coleção de Leis do Império Brasil, Rio de Janeiro, p. 3474, 8 nov. 1890. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-981-8-novembro-1890-515376-publicacaooriginal-1-pe.html. Acesso em: 11 maio 2022.

BRASIL. Decreto nº 7.247, de 19 de abril de 1879. Reforma do Ensino Primário e Secundário do Município da Corte e o Superior em todo o Império. Coleção de Leis do Império Brasil, Rio de Janeiro, p. 196, 19 br. 1879. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-7247-19-abril-1879-547933-publicacaooriginal-62862-pe.html. Acesso: 11 maio 2022.

BRASIL. Lei n° 38.398, de 15 de outubro de 1827. Manda crear escolas de primeiras letras em todas as cidades, villas e logares mais populosos do Império. Coleção de Leis do Império Brasil, Rio de Janeiro, p. 71, 15 out. 1827. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei_sn/1824-1899/lei-38398-15-outubro-1827-566692-publicacaooriginal-90222-pl.html#:~:text=Manda%20crear%20escolas%20 de%20primeiras,logares%20mais%20populosos%20do%20Imperio. Acesso em: 11 maio 2022.

BRASIL. Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961. Fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, p. 11429, 27 dez. 1961. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4024.htm. Acesso em: 11 maio 2022.

BRASIL. Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de 1° e 2º graus, e dá outras providências. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, 12 ago. 1971. Disponível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/pr op_mostrarintegra;jsessionid=F8342BB4536FBA13C8A2FC6081001C83.proposicoesWebExterno2?codteor=713997&filename=LegislacaoCitada+-PL+6416/2009. Acesso em: 11 maio 2022.

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, p. 27833, 23 dez. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 11 maio 2022.

BRENES, Anayansi Correa. História da parturição no Brasil, século XIX. Análise. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 7, n. 2, p.135-149, abr./jun. 1991.

DURKEIM, Émile. Educação e sociologia. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2013.

FARIA FILHO, Luciano Mendes. A legislação escolar como fonte para a história da educação: uma tentativa de interpretação. In: FARIA FILHO, Luciano Mendes (org.). Educação, modernidade e civilização. Belo Horizonte: Autêntica, 1998.

FERREIRA, Dirce Nazaré Andrade; SCHWARTZ, Cleonara Maria. Política, poder e instrução: a educação feminina no método Lancasteriano (uma análise da Lei 15 de outubro de 1827, à luz do ensino mútuo). Revista Brasileira de História da Educação, Maringá, v. 14, n. 1, p. 49-72, jan./abr. 2014.

GÊNESIS. Bíblia Sagrada. Tradução Centro Bíblico Católico. São Paulo: Editora Ave Maria, 1989.

HOBSBAWM, Eric. Introdução: a invenção das tradições. In: HOBSBAWM, Eric; RANGER, Terence (org.). A invenção das tradições. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2018.

JULIÁ, Dominique. A cultura escolar como objeto histórico. Revista Brasileira de História da Educação, Campinas, n. 1, p. 9-44, jan./jun. 2001.

MAGALHÃES, Justino. Rito escolar: perspectiva histórico-pedagógica. Revista HISTEDBR, Campinas, v. 17, n. 3, p. 714-731, 2017.

MAGALHÃES, Justino. Tecendo Nexos: história das instituições educativas. Bragança Paulista: Editora Universitária São Francisco, 2004.

ROHDEN, Fabíola. Uma ciência da diferença: sexo e gênero na medicina da mulher. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2001.

SANCHES, Antônio Ribeiro. Cartas sobre a Educação da Mocidade. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1992.

VAGO, Tarcísio Mauro. Cultura escolar, cultivo de corpos: educação physica e gymnastica como práticas constitutivas dos corpos de crianças no ensino público primário de Belo Horizonte (1906-1920). Educar em Revista, Curitiba, n. 16, p. 121-135, 2000.

Publicado

16-11-2022

Como Citar

Barreto, R. A. D. N., & Silva, A. I. da. (2022). Sobre o costume, as tradições inventadas e a escolarização das mulheres no Brasil . Revista Educação Em Questão, 60(65). https://doi.org/10.21680/1981-1802.2022v60n65ID30305

Edição

Seção

Artigos