Por uma atenção do cuidado de si na escola em tempos de dispersão hiperconectada
DOI:
https://doi.org/10.21680/1981-1802.2019v57n54ID18942Palavras-chave:
Atenção. Educação. Inovação. Cuidado.Resumo
No deslocamento de uma sociedade disciplinar para uma de controle com características de superdesempenho, aceleração e concorrência, este artigo problematiza o conceito da atenção em suas implicações com a educação. Este conceito vem ganhando força desde a modernidade e, mais contemporaneamente, é operado como déficit e como um importante valor de mercado. Este ensaio teórico, com inspiração arquegenealógica em Foucault, busca diagnosticar o que estamos nos tornando no presente, quando as escolas são acusadas de não mais conseguirem manter a atenção dos alunos. Avolumam-se as práticas pedagógicas inovadoras, sugerindo estratégias de marketing e de entretenimento como forma de agradar, agora, os alunos-clientes. Todavia, podemos ressaltar o quanto essas mesmas práticas também produzem uma dispersão hiperconectada. Como modo de combate ético e político, optamos por perguntar pela atenção implicada nas práticas educativas a partir do conceito de cuidado de si em Foucault, atravessado por certa conversão do olhar.
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