A dimensão política dos tempos docentes
entre o narrar e o desviar
DOI:
https://doi.org/10.21680/1981-1802.2025v63n76ID40462Palavras-chave:
Docência universitária, Tempo, Política, NarrativasResumo
Este artigo propõe uma reflexão sobre a dimensão política dos tempos docentes universitários por meio de narrativas autoetnográficas que tensionam modos instituídos de viver e organizar o tempo no trabalho acadêmico. Entende-se que o tempo docente é atravessado por forças neoliberais que operam pela aceleração, pela sobreposição entre vida pessoal e laboral e pela responsabilização individual. O texto parte de um percurso ancorado na autoetnografia como escolha metodológica que permite produzir conhecimento a partir da implicação e da experiência vivida. Um dos resultados apresentados envolveu o quanto narrar o tempo – e desviar-se de certas normatividades – pode ser uma forma de resistir e reinventar a docência. Ademais, se sobrepõe à emergência de frestas temporais que se abrem quando se opta por desacelerar, por recusar certas urgências impostas e por valorizar tempos de escuta, cuidado e presença efetiva. Aposta-se, assim, na força política do narrar e do desviar como gestos ético-políticos de reconfiguração dos tempos docentes.
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