Predicação secundária, modificação e ambiguidade: uma reflexão de base empírica

Resumo

Este artigo propõe uma reflexão com base em dados que tenham leitura de resultado em Português Brasileiro. Assume-se que essa língua não forma construções resultativas stricto sensu, mas apresenta estruturas de predicação secundária orientada para objeto que, muitas vezes, permitem a leitura resultativa licenciada por meio de algum tipo de modificação desse predicado, como primeiramente notado em Lobato (2004). Observa-se o contraste nos dados: (i) ‘Maria pintou a casa amarela’ e  (ii) ‘Maria pintou a casa bem amarelinha’, em que, diferentemente de (i), há a leitura de resultado em (ii), efeito do intensificador ‘bem’ e da flexão de diminutivo. A proposta desse desse trabalho é expandir a investigação empírica testando outros tipos de modificação, como foco e alteração de ordem. Os resultados são comparados a outras estruturas de predicado secundário orientado para objeto, especificamente as que apresentam ambiguidade estrutural. A sugestão é de que os efeitos da modificação em estruturas como (ii) possam fazer parte de um comportamento mais abrangente na gramática, comportamento esse relacionado a estruturas de predicação secundária e ambiguidade em PB, ambiguidade essa ausente em línguas como o inglês e o alemão.