Relações formais entre expressões cristalizadas e as construções verbais locativas livres
DOI:
https://doi.org/10.21680/1517-7874.2019v21n1ID16055Resumo
As expressões cristalizadas (EC), sobretudo na perspectiva teórico?metodológica do Léxico?Gramática (GROSS, 1982), têm sido habitualmente tratadas na ótica de sua identificação e/ou classificação formal. As possíveis relações dessas expressões com as construções livres (CL) das quais podem (ou não) derivar não têm sido objeto de estudo sistemático neste quadro, pelo menos para o português. Neste sentido, este trabalho contribui para os estudos da lexicologia ao estabelecer relações formais entre as expressões cristalizadas do português do Brasil (VALE, 2001), construídas com verbos locativos, e as construções livres (BAPTISTA, 2013) desses mesmos verbos. Concluímos que um elevado número de ECs é construído com verbos locativos (827/3.551), sobretudo em construções nas quais o verbo seleciona um nome na posição de complemento direto e outro, na posição de complemento preposicionado locativo de destino (pregar chiclete na cruzEC vs. pregar um quadro na paredeCL). Além disso, as ECs podem apresentar uma estrutura idêntica à das CLs, revelando ambiguidade (suar a camisaEC/CL, subir o morroEC/CL); ou ainda apresentar especificidades na formação da expressão, como a seleção de um maior ou menor número de argumentos do que os que a construção verbal de base apresenta (chutar o balde ØEC vs. chutar a bola no golCL). A partir dos dados analisados, afirmamos que, apesar de a interpretação das expressões muitas vezes não ser (pelo menos inteiramente) composicional, as construções tendem a conservar a seleção dos argumentos de maneira semelhante às construções livres do mesmo verbo, bem como parte manter parte importante do significado e construção de base do verbo que entra na sua formação.
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