Dois modos de rememorar/narrar o crime em "Angústia", de Graciliano Ramos, e "Coivara da Memória", de Francisco Dantas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21680/1517-7874.2023v25n1ID29950

Resumo

Será analisado, neste artigo, o estado de angústia em que vivem os narradores-protagonistas, das obras Angústia (1936) e Coivara da memória (1991), após terem supostamente cometido um assassinato. O crime nas duas obras configura-se como fator preponderante para o desenlace das tramas: na obra de Francisco J. C. Dantas, o delito aparece em tom enigmático e em Graciliano Ramos em tom confesso. Enquanto em Coivara da memória, o crime é o responsável pelo rememorar da vida do protagonista, em Angústia, o crime é fator causante de toda narrativa, visto que a aflição do protagonista, descrita no início da obra, tem relação direta com o ato extremo que cometeu. Nesse sentido, o narrador-protagonista de Coivara da memória vive um conflito interno semelhante ao do também narrador-protagonista de Angústia. Nos relatos, os protagonistas se encontram presos, ora preso em suas visões, no caso de Luís da Silva, ora em prisão domiciliar, no caso do serventuário do cartório, ambos estão em estado de agonia, visto não saber o que poderá lhes acontecer. O dito estado aqui é pensado numa perspectiva psicanalítica, a partir do que Freud teoriza sobre a angústia, entendida como “estado afetivo”, ou seja, a angústia a serviço da autoconservação, a ideia de que a angústia seria o retorno a uma série de ameaças que levam ao desamparo, tendo o nascimento como princípio de tudo. Para tanto, tomaremos como norte as obras de Freud, que tratam diretamente da temática abordada, como também, o estudo se fará em diálogo com a fortuna crítica das obras que compõem o corpus dessa análise.

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Biografia do Autor

Auda Ribeiro Silva, Universidade Federal de Alagoas - UFAL

Possui Mestrado em Letras (Estudos Literários) pela Universidade Federal de Sergipe e Graduação em Letras Português (Licenciatura) pela mesma instituição. Atuou como professora e coordenadora da Rede Municipal e Estadual de Ensino, como também, da Rede Particular de Ensino . Professora efetiva do EBTT do IFBAIANO - Campus Senhor do Bonfim. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Brasileira, Literatura Comparada, atuando nos seguintes temas: Francisco Dantas, O crime na literatura, Arquivo e Narrador. Atualmente doutoranda do Programa de Pós-graduação em Letras e Linguística da Universidade Federal de Alagoas com a pesquisa intitulada "Crime, arquivo e verdade: um estudo comparado em "Coivara da memória" de Francisco Dantas e "Angústia de Graciliano Ramos". 

Susana Souto Silva, Universidade Federal de Alagoas - UFAL

Possui graduação em Letras Português Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade Federal de Alagoas (1993), mestrado em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo (1999), com trabalho sobre Clarice Lispector, e doutorado em Estudos Literários pela Universidade Federal de Alagoas (2008), com pesquisa sobre Glauco Mattoso. Trabalhou, de 1997 a 2004, na Universidade Católica de Brasília. Atualmente é Professora Associada da Universidade Federal de Alagoas, onde atua na graduação e na pós-graduação da Faculdade de Letras. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em literatura brasileira moderna e contemporânea, com pesquisas sobre memória, escrita e leitura. 

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Publicado

28-03-2023

Como Citar

RIBEIRO SILVA, A.; SOUTO SILVA, S. Dois modos de rememorar/narrar o crime em "Angústia", de Graciliano Ramos, e "Coivara da Memória", de Francisco Dantas. Revista do GELNE, [S. l.], v. 25, n. 1, p. e29950 , 2023. DOI: 10.21680/1517-7874.2023v25n1ID29950. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/gelne/article/view/29950. Acesso em: 19 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos