A intertextualidade como recurso argumentativo no gênero notícia – o caso das enchentes do Rio Grande do Sul no ano de 2024

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.21680/1517-7874.2025v27n1ID37905

Resumen

Este trabalho reflete sobre a intertextualidade no gênero notícia. O objetivo é analisar o funcionamento da intertextualidade stricto sensu como recurso argumentativo nesse gênero, tendo em vista que a relação intertextual (entre dois ou mais textos) ocorre a partir de propósitos comunicativos pré-estabelecidos e, portanto, dotados de intencionalidade. Estamos considerando que a linguagem não é neutra, mas essencialmente ideológica, de modo que o ato de argumentar, isto é, de orientar o discurso para determinados sentidos, é inerente à comunicação humana, pois manifesta um posicionamento do autor da notícia. Nesse sentido, o gênero em foco, que foi por bastante tempo e ainda hoje costuma ser considerado um gênero pautado na impessoalidade e na neutralidade, carrega aspectos ideológicos na intenção de noticiar, tendo em vista a escolha tanto do que se vai ser noticiado quanto do repertório linguístico para caracterizar os fatos e acontecimentos, atravessados por critérios valorativos. Para tanto, a base teórica para esta pesquisa é constituída por estudiosos da Linguística Textual, como Koch, Bentes e Cavalcante (2008), que refletem sobre a Intertextualidade e a Argumentação na produção dos textos. Elegemos como corpus analítico quatro notícias, publicadas pela Folha de S. Paulo e no site da Secretaria de Comunicação do Governo Federal, as quais tratam da possível dispensa da oferta de ajuda do Uruguai às vítimas do Rio Grande do Sul (RS), na ocasião da catástrofe climática ocasionada pelas fortes chuvas naquela região, em abril de 2024. Como resultado das análises, foi possível perceber que os autores das notícias recorrem ao intertexto temático, implícito e explícito, com o fito de contraditar/subverter o texto-fonte, visando ao convencimento do leitor de que o governo brasileiro não se preocupava com o estado vitimado pela catástrofe climática.

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Biografía del autor/a

Aline Moraes, Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará

Doutoranda em Linguística e Literatura (PPGLLIT) pela Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT), área de concentração: Ensino e Formação de Professores de Línguas e de Literatura, linha de pesquisa: Práticas discursivas em contextos de formação. Mestra em Letras pela Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), área de concentração: Linguagem e Sociedade, linha de pesquisa: Linguagem, Discurso e Sociedade. Graduada em Letras - Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Pará (UFPA), atuou como bolsista do projeto intitulado Diálogos entre língua e literatura: integrando saberes nas práticas da educação básica, subprojeto "O ensino de língua materna: gramática, variação, normas e gêneros textuais (oral e escrito)", de 2010 a 2011, pelo PROINT. Pós-graduada em Gestão Pública e de Pessoas pela Universidade Candido Mendes (UCAM). Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Estudos Linguísticos. Atualmente, é Secretária Executiva na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa).

LUCIA MARIA DE ASSIS, Universidade Federal Fluminense

Sou doutora em Linguística pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em Linguística Aplicada pela Universidade de Taubaté (UNITAU). Realizei estágio pós-doutoral no PPGL/UFT, com bolsa PNPD/CAPES, e no PIPGLA/UFRJ. Possuo experiência docente em Linguística, atuando, principalmente, nas seguintes subáreas: Linguística Textual, Oralidade e Escrita, Análise da Conversação e História das Ideias Linguísticas. Sou Professora Associada na Universidade Federal Fluminense, onde também atuo na área pedagógica, desenvolvendo pesquisas sobre linguagem e autismo e sobre aprendizagem significativa no ensino de Química. Sou também membro do corpo docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFNT. Atualmente desenvolvo pesquisas sobre os discursos racistas durante a ditadura civil-militar no Brasil e sobre questões raciais e identidade na obra de Lima Barreto.

Janete Silva dos Santos, Universidade Federal do Norte do Tocantins

Mestrado (2001) e doutorado (2010) em Linguística Aplicada pela Unicamp. Licenciada plena em Letras pela UFPA (1996). Docente (professor adjunto III) da universidade Federal do Tocantins (UFT) no curso de Letras (graduação) e no PPGL. Membro do Comitê PIBIC da UFT na área de Ciências humanas, sociais aplicadas e Letras. É líder do grupo de pesquisa LES (Linguagem, Educação e Sustentabilidade). Foi bolsista de produtividade em pesquisa da UFT de 2014 a 2015. Tem experiência na área de Letras, Linguística, com ênfase em Letras/Linguística, atuando principalmente nos seguintes temas: gramática e contextualização, escrita, texto, ensino, estratégia de leitura em livro didático, análise do discurso, letramento, discursos de sustentabilidade.

Publicado

07-07-2025

Cómo citar

MORAES, Aline; DE ASSIS, LUCIA MARIA; SILVA DOS SANTOS, Janete. A intertextualidade como recurso argumentativo no gênero notícia – o caso das enchentes do Rio Grande do Sul no ano de 2024. Revista do GELNE, [S. l.], v. 27, n. 1, p. e37905, 2025. DOI: 10.21680/1517-7874.2025v27n1ID37905. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/gelne/article/view/37905. Acesso em: 6 dic. 2025.

Número

Sección

Dossiê temático: Linguística Textual brasileira: uma homenagem à Profa. Dra. Mônica Magalhães Cavalcante