Os Outros na escola e a escola dos Outros

contestações à colonialidade da educação

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21680/1981-1802.2022v60n63ID28737

Palavras-chave:

Educação anticolonial, Descolonização da escola, Teorias anticoloniais, Educação escolar

Resumo

A partir da análise dos dados de uma pesquisa de doutorado (Autor, ano) e em diálogo com a imprescindível obra Torto Arado de Itamar Vieira Júnior (2019), pretendemos neste texto analisar as contestações ou fissuras à colonialidade da educação provocadas pelas resistentes e insurgentes presenças dos sujeitos feitos Outros no contexto escolar. Trata-se de uma reflexão subsidiada pelas perspectivas anticoloniais que nos possibilitam denunciar o histórico e contemporâneo alinhamento entre educação formal e projeto colonial, mas também anunciar a necessidade e a viabilidade da descolonização da escola. Sob essa perspectiva, no presente texto, os depoimentos dos sujeitos da pesquisa que, em alguma medida, se encontram com a experiência escolar de uma das protagonistas de Torto Arado (Vieira-Júnior, 2019), Belonísia, nos levam a concluir que, sob uma perspectiva emancipatória, faz-se imperativo e urgente que a educação escolar se descolonize e, assim, se transforme a partir do reconhecimento dos sujeitos feitos Outros, de seus saberes e culturas.

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Biografia do Autor

Bárbara Ramalho, Universidade Federal de Minas Gerais

Pedagoga, Mestra e Doutora em Educação pela Faculdade de Educação (FaE) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Atualmente realiza estágio de pós-doutorado na Faculdade de Educação da UFMG. Realizou estágio de doutorado no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES-UC) e intercâmbio institucional de graduação na Universidade do Porto (UP). Foi professora no curso de Pedagogia da Universidade do Estado de Minas (UEMG) e da Pós-Graduação Lato Sensu em Infância, Cultura e Práticas Formativas da Universidade FUMEC. Atualmente é docente dos 1º e 2º ciclos do Ensino Fundamental na Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte, tendo também atuado na gestão municipal do Programa Escola Integrada. Pesquisa e publica na área de educação atuando principalmente nos seguintes temas: educação e pobreza; educação e interseccionalidade; educação anticolonial; e educação integral. É membro do núcleo de ensino, pesquisa e extensão Territórios Educação Integral e Cidadania (TEIA) da FaE/UFMG.

Lúcia Helena Alvarez Leite, Universidade Federal de Minas Gerais

Professora titular da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais. Possui graduação em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (1978), mestrado em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (1993) e doutorado em Pedagogia pela Universidade de Valencia, Espanha (2002). Realizou pós-Doutoramento em Educação pela Universidade de Málaga, Espanha (2010) e pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2017). Faz parte do Programa de Pós Graduação da FAE/UFMG, integrando a linha: Educação, Cultura, Movimentos Sociais e Ações Coletivas. Pesquisa e publica na área de educação, com ênfase em Educação e Movimentos Sociais, atuando principalmente nos seguintes campos de investigação: educação decolonial, educação indígena e educação integral. Coordena o grupo de pesquisa e extensão: TEIA (Territórios, Educação Integral e cidadaniA) e é docente do Curso de Formação Intercultural de Educadores Indígenas (FIEI), ambos da FAE/UFMG.

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Publicado

04-08-2022

Como Citar

Ramalho, B., & Alvarez Leite, L. H. (2022). Os Outros na escola e a escola dos Outros: contestações à colonialidade da educação. Revista Educação Em Questão, 60(64). https://doi.org/10.21680/1981-1802.2022v60n63ID28737

Edição

Seção

Artigos